Publicidade

Padre fará corrida se Inter se salvar do rebaixamento

Claudiomir Ceron, o ‘padre colorado’, promete correr 20 km e arrecadar 20 toneladas de alimentos

PUBLICIDADE

Foto do author Gonçalo Junior
Por Gonçalo Junior
Atualização:

O padre Claudionir Ceron, da paróquia de Nossa Senhora Aparecida da Restinga, em Porto Alegre, é apaixonado pelo Internacional. É um torcedor tão fervoroso que passou a ser conhecido como o “Padre Colorado”.Além disso, ele criou em 2012 uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, com o manto vermelho, no tom do seu clube do coração – a cor tradicionalíssima é o azul. “Isso foi uma loucura do padre”, reconhece o líder religioso. 

A “inovação” deixou os torcedores colorados felizes, mas os demais fiéis não ficaram desamparados, pois a imagem tradicional foi mantida. Hoje, a paróquia tem duas santas: uma do gosto dos colorados; outra que agrada mais aos gremistas. Detalhe: ele mandou fazer outra santa com o manto vermelho como presente para o Arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, que também é colorado.

O padre Claudionir Ceron garante que Inter continua na Série A:'Estamos em risco, mas não vamos cair' Foto: Divulgação

PUBLICIDADE

Ceron usa bom humor para tratar a rivalidade. “Os gremistas são muito bem vindos em nossa paróquia. Essa rivalidade fica só no futebol. É uma maneira de viver de uma maneira mais alegre. Somos da paz. Nada de violência”, diz o pároco. 

Ceron está preocupado com a situação do clube que corre risco de ser rebaixado pela primeira vez na sua história. Para evitar a queda, está usando sua fé. Se o time não for rebaixado, ele promete fazer uma corrida de 22 km até a capital Porto Alegre. Ele chamou o evento de “Corrida da Fé” e tem tanta certeza da salvação que já marcou a data da corrida. Será no dia 27 de novembro, data de Inter e Cruzeiro, último jogo em casa do time gaúcho. 

Para a partida de hoje, ele considera o empate uma vitória. “Estamos em risco, mas não vamos cair. O empate contra o Palmeiras será comemorado como uma vitória”, diz o padre. “Nosso problema maior foi a falta de planejamento ao longo do ano. Agora, temos um técnico fraquinho (Celso Roth) que mexe mal na equipe”, critica o padre, que classifica como “um pecado” o empate contra o Santa Cruz na última rodada dentro do estádio colorado. 

O padre é sócio do Internacional – diz que carteirinha ainda é das antigas – e está sempre presente no Beira-Rio. Quando vai ao estádio, ele leva sua santa – a de manto vermelho, naturalmente.A “Corrida da Fé” tem também uma dimensão solidária, que independe do resultado do time dentro de campo. O pároco trabalha para arrecadar 20 toneladas de alimentos na campanha “Natal Solidário” para duas mil famílias da Restinga. No Beira-Rio, local de chegada do desafio, uma caminhonete Ford Rural Willys, ano 1965, nas cores vermelha e branca e com o símbolo do Inter, também estará recebendo os mantimentos no dia da corrida. 

A Restinga é o maior bairro da periferia do sul da cidade. O último censo do IBGE aponta uma população de 60 mil pessoas, mas o padre aposta em um número muito maior, mais de 100 mil. Para combater os altos níveis de criminalidade de uma região carente, o padre apostou no esporte. 

Publicidade

Hoje, a paróquia possui um centro social com pista de skate e quadra de futebol de salão e realiza várias ações sociais e esportivas em parcerias com instituições públicas e privadas, para auxiliar crianças, adolescentes e adultos carentes. O projeto ganhou destaque e vários atletas do Internacional fazem doações regulares. O argentino D’ Alessandro, que se transferiu para o River Plate, tornou-se um dos mais entusiasmados com as ações. 

“Eu olho para Jesus com o manto vermelho todos os dias e rezo. Peço compaixão. Não vamos cair porque Jesus está conosco. O céu é azul, mas o gremista bate no teto e só quem entra é o colorado.” Para aqueles que criticam essa mistureba entre futebol e religião, o padre tem a resposta na ponta da língua. “Estou seguindo o chefe. 

O chefe do padre é o papa Francisco, amante do futebol e que tem orgulho de demonstrar sua paixão pelo San Lorenzo.