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Opinião|Palmeiras adota gestão de reformular elenco durante a temporada, com reforços e dispensas pontuais

Clube teve duas movimentações nesse sentido na semana, com o anúncio do contrato que o garoto Endrick vai assinar por três anos e o acordo com o atacante uruguaio Miguel Merentiel

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Foto do author Robson Morelli
Atualização:

O Palmeiras mudou o jeito de construção de um elenco. O clube não espera mais pelo fim da temporada para contratar jogadores, nem dispensá-los. Nesta semana, anunciou duas movimentações nesse sentido, a primeira foi conformar o contrato com o garoto Endrick, de 15 anos, cria da casa, que logo mais será usado pelo time principal. Ele vai assinar por três temporadas, como manda a lei. A segunda foi a contratação do atacante uruguaio Miguel Merentiel, de 26 anos, que estava no Defensa y Justicia. Nenhum dos dois é para uso imediato, já avisou o técnico Abel Ferreira. Com essas movimentações, feitas com calma e pontuais, o Palmeiras vai reformulando seu elenco sem perder a pegada esportiva, sem pular etapas e, principalmente, sem se tornar refém de atletas que chegam para salvar a pátria. Chegam neste ano, mas pode ser para 2023. O clube faz isso há algum tempo, desde que a Crefisa se juntou ao futebol na formação de uma equipe. Comprou em larga escala no começo, peneirou e foi tirando os melhores. Esse trabalho acontece simultaneamente com a reavaliação de jogadores que estão no grupo. Alguns foram vendidos neste ano, como Patrick de Paula, por R$ 33 milhões, para o Botafogo, de John Textor. Outros não tiveram seus contratos reformulados, como Deyverson. Tudo é feito às claras e sem melindres.

Leila Pereira, presidente do Palmeiras, conversa com Abel Ferreira na Academia de Futebol Foto: Cesar Greco/SE Palmeiras

Esse trabalho contínuo é comandado pelas partes que tocam o futebol, aliado à comissão técnica e à necessidade da diretoria. A presidente Leila Pereira defende que o clube não precisa fazer "loucuras" para reforçar seu time. Disse isso para se referir à procura por outro atacante, como quer o treinador português. Seu estafe trabalha com calma, com dinheiro em caixa, mas sem atropelos, como deve ser. A nível de comparação, o Flamengo parou no tempo em sua reformulação no elenco, continuou apostando nos medalhões e não conseguiu repetir as boas atuações e conquistas de anos anteriores. O Grêmio, que caiu para a Série B, sofreu com o mesmo processo de acreditar no elenco que tinha e não trabalhar para que ele fosse refeito a cada ano, de modo a sempre ter um time competitivo. O Corinthians demorou para entender que precisava fazer esse trabalho e resolveu fortalecer o elenco numa tacada só, correndo risco de se endividar, como, de fato, aconteceu. O modelo do Palmeiras permite que os atletas se adaptem com o tempo, não entrem numa "máquina de moer jogador" com resultados e desempenhos imediatos e dá mais tranquilidade ao treinador porque ele sempre vai ter um time razoavelmente competitivo nas mãos, mesmo a despeito de ter outros atletas em crescimento. Não é um modelo pronto, mas em andamento. Com o calendário pesado do futebol brasileiro, ter mais de um time pronto, com jogadores de qualidade para todas as posições, é o único caminho para se dar bem nas competições. Atuesta e Navarro são outros dois jogadores do Palmeiras em fase de aprimoramento. Já estão no clube há alguns meses e somente agora conseguem jogar mais e com mais eficiência.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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