20 de novembro de 2016 | 19h11
O Palmeiras só precisa de mais um pontinho para ser campeão brasileiro depois de 22 anos. O atacante Dudu fez o gol solitário do triunfo sobre o Botafogo no Allianz Parque e deixou a equipe com nove dedos na taça. Embora a matemática ainda aponte a remota possibilidade dos rivais, os mais de 39 mil torcedores fizeram uma festa digna de título. O jogo para ratificar a conquista deverá ser no domingo, diante da Chapecoense, novamente em casa.
Grande nome do título da Copa do Brasil no ano passado, Dudu voltou a ser decisivo como fazedor de gols. No Allianz Parque, ele se sente em casa. Com o gol marcado contra o Botafogo, aos 17 minutos do segundo tempo, ele se tornou o maior goleador da arena, com 12. É uma espécie de senhor do Allianz Parque. É o vice-artilheiro do time no torneio com seis gols – Gabriel Jesus lidera com 12.
LANCE A LANCE - Como foi o jogo w
O JOGO
Neste ano, a torcida se acostumou a ver Dudu como garçom. Jogando mais distante do gol, ele se tornou o líder de assistências no Campeonato Brasileiro com dez, ao lado de Gustavo Scarpa, do Fluminense. Essa numeralha toda, no entanto, não diz exatamente o que fez neste domingo. Ele foi garçom, artilheiro, capitão e mais um pouco.
Um lance no final da partida ilustra essa importância. Depois que o time já vencia por 1 a 0, ele dominou um bola no meio. A torcida gritou “ladrão” diante do botafoguense que se aproximava. Esperto, ele trocou a bola de pé, driblou dois marcadores e ainda deu um passe com cavadinha. O lance não deu em nada, não virou gol, mas foi bonito.
“Fico feliz com o gol, com a vitória e principalmente com o fato de poder vestir essa camisa. Vamos trabalhar direito essa semana para confirmar o título na semana que vem”, disse o artilheiro do dia.
A frase comedida, dita com cuidado para não antecipar a festa iminente, mostra que Dudu também está com a cabeça no lugar. Mas não foi sempre assim. Ele chegou ao clube com tom irreverente e brincalhão, às vezes acima do tom, provocando os rivais ao comemorar seus gols com um chapéu. Era esquentadinho e briguento. A suspensão de seis partidas após o empurrão no árbitro Guilherme Ceretta de Lima na decisão do Campeonato Paulista do ano passado foi um divisor de águas.
O camisa 7 fala que não precisou de apoio psicológico, mas cita a ajuda dos técnicos Marcelo Oliveira e Cuca para colocar a cabeça no lugar. É o capitão da equipe desde que Fernando Prass contundiu o cotovelo na preparação olímpica e passou por uma cirurgia. Errou e aprendeu, simples assim. Está com a cabeça tão fria que, mesmo pendurado com dois cartões amarelos, o jogador de 24 anos segurou as reclamações, tirou o pé das divididas para não ser suspenso e perder o jogo que pode definir o título do Palmeiras.
Dudu resolveu um jogo complicado. Lento e pouco criativo, o time criou pouco. Só chegou mesmo nos chutes de fora.
O contexto do torneio também influenciava. O sistema de som só anunciava os gols do jogo entre Cruzeiro e Santos, mas os jogadores sabiam que um tropeço poderia transformar a vantagem confortável em pura aflição nas rodadas finais.
Dudu abriu o placar no momento em que estava mais acuado, logo depois que o Botafogo criou duas chances claras no início do segundo tempo. Após contra-ataque, Gabriel Jesus cruzou na cabeça de Dudu. O garçom voltou a ser artilheiro. Apesar de apenas 1,67 m, ele subiu e escorou de olhos abertos para escolher o canto. E também para ver o título cada vez mais perto. “É difícil tirar o título do Palmeiras, mas temos de manter os pés no chão para não sermos surpreendidos”, diz o camisa 7.
Dudu ainda teve mais uma chance clara – aí ele falhou –, protagonizou outro lance memorável na linha de fundo com rolinho e tudo e era o dono do lance quando o árbitro encerrou a partida. Não foi por acaso. .
FICHA TÉCNICA
PALMEIRAS 1 X 0 BOTAFOGO
PALMEIRAS - Jailson; Jean, Mina (Thiago Martins), Vitor Hugo e Zé Roberto; Tchê Tchê (Gabriel), Moisés e Cleiton Xavier (Alecsandro); Dudu, Gabriel Jesus e Róger Guedes.
Técnico: Cuca.
BOTAFOGO - Sidão; Emerson Silva, Joel Carli e Emerson; Alemão (Fernandes), Rodrigo Lindoso, Dudu Cearense (Sassá), Camilo e Diogo; Neilton e Rodrigo Pimpão
Técnico: Jair Ventura.
GOL - Dudu, aos 17 minutos do primeiro tempo.
ÁRBITRO - Elmo Alves Resende Cunha (GO).
CARTÕES AMARELOS - Emerson Silva, Sassá, Fernandes e Joel Carli.
CARTÃO VERMELHO - Emerson.
PÚBLICO - 39.690 pagantes.
RENDA - R$ 3.174.042,74.
LOCAL - Allianz Parque, em São Paulo (SP).
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