Palmeiras: Vida ou morte na Venezuela

Diante do Deportivo Táchira, em San Cristóbal, o Palmeiras jogará sua vida na Libertadores nesta quarta-feira. Bonamigo espera uma guerra em campo.

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Por Agencia Estado
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Os venezuelanos do Estado de Táchira são fanáticos, em sua maioria, por duas coisas: pelo presidente Hugo Chávez e pelo time de futebol da capital San Cristóbal, o Deportivo Táchira. Mais que enfrentar um time lutador e tradicional da Venezuela, o Palmeiras jogará sua vida na Libertadores contra um ambiente de guerra provocado por uma torcida tida - à moda do mandatário da nação - como forte, corajosa e nacionalista pelos que simpatizam com ela, mas como exagerada e violenta pelos críticos. Distante 816 quilômetros de Caracas e quase na fronteira com a Colômbia e o território dominado pelas Farc, San Cristóbal está 800 metros acima do nível do mar e, com 300 mil habitantes, tem fama de cidade acolhedora, mas não promete recepção calorosa ao Palmeiras. O Santo André, quando esteve na cidade, há dois meses, saiu derrotado por 1 a 0 e ainda teve problemas no hotel, com barulhos durante a noite e invasões de quartos. Patrióticos, os torcedores deram tantas demonstrações de amor ao futebol - num país muito mais interessado em beisebol, basquete, corridas de cavalo e ciclismo - que conseguiram até mesmo fazer a Vinotinto, a seleção da Venezuela, disputar jogos das Eliminatórias no Estádio Pueblo Nuevo, apesar do péssimo gramado. O Táchira, após um 2004 brilhante, decaiu e vem em terceiro lugar no Campeonato Venezuelano, fora da briga pelo título. No Palestra Itália, levou 3 a 0 do Palmeiras, em 19 de abril, sem grande resistência. Porém, como a campanha do time paulista é apenas regular, nada está decidido no Grupo 4, que tem os paraguaios do Cerro Porteño já classificados, com 11 pontos, e Palmeiras (5 pontos), Santo André (5) e Táchira (3) brigando pela segunda vaga. "Encaro como uma decisão e espero um jogo muito aguerrido. Se vencermos, é um grande passo para a classificação. Se perdermos dificulta um pouco", diz o zagueiro Gláuber. A verdade é que, com campanha apenas regular - uma vitória, dois empates e uma derrota - o Palmeiras será ultrapassado pelos venezuelanos em caso de revés e passará a não depender mais de si na rodada final, no dia 12, quando recebe o Cerro e Santo André e Táchira duelam no ABC Paulista. CONTRA-ATAQUES - Num jogo de vida ou morte, portanto, o Palmeiras entrará em campo, às 21h45 (de Brasília), fechado, preocupado em não tomar gols, e apostando na velocidade de Cristian e Ricardinho para os contra-ataques. "Não podemos menosprezar o Táchira", diz o técnico Paulo Bonamigo, que faz sua estréia na Libertadores. "O futebol venezuelano está em evolução. A gente vê pela campanha do país nas Eliminatórias." Bonamigo, porém, foi quase forçado a escalar três zagueiros hoje. Sem poder usar os contundidos Magrão, Alceu e Pedrinho, o afastado Diego Souza e os não inscritos Juninho Paulista, Léo e Roger, ficou sem opções para o meio-campo. No banco de reservas, terá apenas Claudecir, que ainda não se recuperou totalmente de lesão, como opção para o setor, além da hipótese de improvisar o atacante Marcel como meia. O técnico admite que faltam meias e volantes. "Sim, por isso vou voltar a jogar com três zagueiros, que tenho muitos a disposição, e adiantar um pouco o Marcinho. Mas o Palmeiras está acostumado a jogar assim." Gláuber, que terá a companhia de Nen e Gabriel na zaga, comemora. "Fica mais protegido, ajuda muito na hora de marcar." O lateral-direito André Cunha terá nova chance e começa como titular pela segunda vez seguida.

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