Para consultor, jogadores também serão atingidos

MP da dívida e mau momento da economia vão afetar os atletas

PUBLICIDADE

Foto do author Almir Leite
Por Almir Leite
Atualização:

A edição da medida provisória que possibilita o refinanciamento da dívida fiscal dos clubes de futebol, mas exige como contrapartida gestão financeira responsável, e também a iniciativa da CBF de estabelecer por meio do Regulamento Geral de Competições medidas punitivas aos maus pagadores ­- o que também força a manutenção dos compromissos financeiros em dia -, certamente estão contribuindo para que os dirigentes passem a gastar com mais parcimônia, trocando a loucura pela responsabilidade e reduzindo a folha de pagamento. Mas o momento ruim da economia do País como um todo e do futebol em particular também estão ajudando a estabelecer um novo momento, em que o pagamento de salários milionários será cada vez mais raro. A nova realidade já atinge os técnicos, mas está chegando também aos jogadores. Em geral, os salários nos grandes clubes ainda estão altos, mas a tendência é de redução. "É um reflexo do excesso de gastos no passado e do desaquecimento da receita dos clubes'', analisa o consultor de marketing e gestão esportiva Amir Somoggi. Ele observa uma mudança de comportamento nos dirigentes, mesmo naqueles que estão há mais tempo à frente dos clubes. "Os clubes gastaram o que tinham e o que não tinham até 2011. Desde então, está havendo uma maior consciência da parte dos clubes de alguma coisa precisa ser feita'', diz Somoggi. A redução da folha salarial se encaixa neste contexto. Para Amir, independentemente de leis e regulamentos, não há alternativas para os clubes que não a de cuidarem melhor de suas finanças. "Agora, a chave está em readequar as finanças. As despesas não podem crescer, até porque as despesas não crescem.'' Ele afirma que no Brasil ocorre situação bem diferente da que se tem atualmente na Europa. "Lá, ao contrário do que muita gente pensa, as despesas dos clubes não caíram. Em vários casos até cresceram. Mas as receitas também aumentaram. Aqui, de maneira geral, isso não aconteceu.'' O consultor também vê na medida provisória do futebol um excelente método para que os clubes sejam administrados de maneira responsável. "A MP vai obrigar a isso, porque se o clube não tiver os valores necessários para arcar com seus compromissos, terá de diminuir os gastos.''

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.