18 de setembro de 2020 | 13h38
O Náutico lançou nesta sexta-feira uma camisa preta para homenagear o movimento antirracista Black Lives Matter (Vidas Negras Importam). Em vez das tradicionais cores vermelha e branca, o clube pernambucano terá agora um uniforme diferente. A proposta é compensar algumas falhas passadas de episódios de racismo, como ter sido o último time do Recife a permitir a presença de atletas negros.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o Náutico fez questão de chamar para a apresentação da camisa o ex-goleiro Nilson, que jogou pelo rival, Santa Cruz. No começo dos anos 2000, o então jogador foi vítima de cânticos racistas durante partidas disputadas no estádio dos Aflitos. "Era um coro racista imitando som de um macaco e foi um som muito forte. Você lembra daquele som e sabe que aquilo foi feito por causa da cor de sua pele", disse Nilson. Anos mais tarde, ele teve passagem também pelo próprio Náutico.
Segundo dirigentes do clube, a nova camisa marca o compromisso de buscar corrigir falhas anteriores. "O Náutico tem uma das mais belas histórias do futebol brasileiro. É claro que existem erros e, como não se muda o passado, quem faz o presente pode reconhecê-los. Porque a história continua sendo escrita. Reparar não é possível? Podemos corrigir. O Náutico é alvirrubro, mas também de todas as cores, raças, gêneros e crenças", afirmou o presidente do Náutico, Edno Melo.
A equipe promete a partir do lançamento da camisa intensificar campanhas de conscientização e incentivar denúncias contra casos de racismo. "Essa camisa representa o reconhecimento do clube de um passado racista e o entendimento que a tolerância é zero em relação a isso. O Náutico tem um canal direito com torcedor, através do site e aplicativo oficial, para denúncias de racismo", explicou o vice-presidente de marketing, Luiz Filipe Figueirêdo.
O ex-goleiro Nilson elogiou a camisa e a proposta do clube de tentar abordar erros antigos. "O mais importante de tudo isso, é a ação que o Náutico montou. É ver o Náutico abandonando o passado que ele não se orgulha, que é do racismo. Saber que o clube está levantando essa bandeira e dizendo 'não' ao racismo me faz ficar muito orgulhoso. Me sinto honrado em ter participado dessa ação", comentou
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