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Para MP, caso Héverton é tão grave como a Máfia do Apito de 2005

Promotores comparam premeditação na queda da Lusa ao escândalo na manipulação de resultados

Foto do author Gonçalo Junior
Por Gonçalo Junior
Atualização:

O Ministério Público de São Paulo possui uma agenda cheia até o mês de fevereiro com depoimentos de dirigentes da Portuguesa e testemunhas para concluir as investigações sobre a escalação irregular do meia Héverton que causou o rebaixamento do time para a Série B. Por outro lado, o órgão avalia que o caso já tem as mesmas proporções da Máfia do Apito, escândalo de manipulação de resultados no Campeonato Brasileiro de 2005 que justificou a anulação de 11 jogos. Nos bastidores, dirigentes da CBF mostraram preocupação com os desdobramentos do “caso Héverton” e a imagem do futebol brasileiro. “É um caso tão grave como foi o Escândalo do Apito, pela sua proporção e pela sua complexidade”, afirma o promotor Roberto Senise Lisboa. 

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Ontem, o promotor revelou os nomes dos diretores da Portuguesa que sabiam da condição irregular de Héverton no último jogo do Campeonato Brasileiro de 2013. Ele aponta o ex-presidente Manuel da Lupa, o advogado Valdir Rocha e o ex-vice-presidente de futebol, Roberto dos Santos, além de outros dois funcionários, como os possíveis responsáveis pela omissão dos dados sobre a suspensão de Héverton que causou a perda de quatro pontos e o rebaixamento da Lusa. Senise reafirmou que os indícios apontam para um erro proposital, como o Estado divulgou na edição de ontem. 

O próximo desafio das investigações é descobrir movimentações financeiras que concretizem a fraude. Para isso, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) quebrou o sigilo bancário de funcionários da Portuguesa. O MP reiterou que o clube figura como uma das vítimas do inquérito civil e a Portuguesa não está sendo investigada. 

Manuel da Lupa durante julgamento da Lusa Foto: Wilton Junior

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), órgão que definiu o rebaixamento da Lusa, vai aguardar a conclusão do inquérito para se movimentar. “O caso está condicionado à conclusão do inquérito do Ministério Público”, afirmou o procurador-geral Paulo Schmitt. “Até o momento, os responsáveis já estão punidos. A própria Portuguesa foi punida”, disse Schmitt. 

O ex-presidente Manuel da Lupa divulgou uma nota para se defender das suspeitas de premeditação na escalação irregular do meia Héverton. “Infelizmente, eu e minha família estamos sendo alvo de calúnia, injúria e difamação. Vou aguardar o momento oportuno para recorrer ao Poder Judiciário, e essas pessoas que estão me acusando terão de provar em juízo tais alegações”, disse o dirigente. “Sou um cidadão honesto e trabalhador. Não seria capaz de prejudicar a Portuguesa, que tanto amo e a quem dediquei quase dez anos da minha vida”, escreveu. 

Além do inquérito do Ministério Público, o ex-presidente também é alvo de investigações internas da Portuguesa. Diretores do clube afirmam que o ex-mandatário deverá ser responsabilizado. Da Lupa conseguiu uma liminar na Justiça para impedir a discussão sobre sua expulsão do quadro de sócios do clube. 

A Comissão de Ética do Conselho Deliberativo da Lusa afirma que “a morosidade no processo se deve à falta de colaboração e incontáveis justificativas do ex-presidente para não comparecer ao seu depoimento”. O relatório deverá ser apresentado 19 de novembro ao MP. 

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