Parece várzea. Mas é a Segunda Divisão do Futebol Paulista

Campeonato prima pela desorganização e fatos bizarros

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Por Almir Leite, Luiz Alexandre Souza Ventura e Raphael Ramos
3 min de leitura

Na Segunda Divisão do Campeonato Paulista, que apesar da nomenclatura é equivalente à 4ª Divisão, é praticamente um torneio de várzea com a chancela da Federação Paulista tamanha a precariedade dos estádios e o baixíssimo nível técnico das partidas. Na verdade, muitos dos quase 300 jogos da primeira fase da competição tiveram situações tão insólitas que dificilmente ocorreriam até mesmo em campinhos de terra de periferia. Se na Série A-1 do Estadual organizado pela federação mais rica do País desfilam craques e as cifras pagas aos atletas e clubes são milionárias, na Segunda Divisão a história é bem diferente. A lista de bizarrices é intensa: estádio sem alvará, W.O. provocado por sequestro relâmpago de dirigente, torcedor que vira massagista, inscrição irregular de 13 jogadores do mesmo time numa única partida, aparecimento de um drone sobrevoando o campo no meio do jogo, desaparecimento de boletim financeiro... Eis alguns exemplos:

Jogos da Segunda Divisão normalmente têm público bastante reduzido Foto: Divulgação

União Suzano 0 x 3 JabaquaraO primeiro W.O. do campeonato veio logo na segunda rodada, no dia 24 de abril. Com o laudo emitido pelo Corpo de Bombeiros vencido desde março, o estádio Francisco Marques Figueira, em Suzano, não foi liberado para receber a partida. Em cima da hora, a diretoria do União Suzano ainda tentou alugar algum estádio para realizar o jogo, mas achou os preços cobrados na Rua Javari, do Juventus, e no Nicolau Alayon, do Nacional, caros demais e optou por perder por W.O. mesmo, com 3 a 0 no placar.

Portuguesa Santista 3 x 0 Ecus No segundo W.O. do campeonato ocorreu no dia 2 de agosto porque, segundo o presidente do Ecus, Sérgio Chagas, um dos gestores do clube sofreu um sequestro relâmpago na madrugada anterior ao jogo e só foi libertado momentos antes da partida. Ele seria o responsável por levar a van com o motorista que transportaria o time até Santos.  Osvaldo Cruz 1 x 6 Assisense. A partida do dia 12 de julho começou com 23 minutos de atraso devido ao não funcionamento das tomadas de energia da ambulância para ligar o desfibrilador. Pior: treze jogadores do Osvaldo Cruz estavam com "restrições" no registro de inscrição.

Noroeste 8 x 0 José Bonifácio Não foi apenas a chuva de gols que chamou a atenção no Estádio Alfredo de Castilho, em Bauru. No primeiro tempo, um drone sobrevoou o campo a uma altura bem próxima ao gramado. A arbitragem relatou o fato na súmula, com a ressalva de que o aparelho não interferiu no desenvolvimento da partida.Mauaense 14 x 2 Ecus No último dia 16, o Estádio Pedro Benedetti, em Mauá, foi palco da maior goleada da Segunda Divisão. O placar elástico virou até motivo de piada. "Dobramos a meta de Brasil x Alemanha'', brincou o clube em sua conta no Twitter em referência ao 7 x 1 sofrido pela seleção na Copa de 2014. Um dado curioso: para não perder de W.O. novamente, o Ecus entrou em campo com apenas oito jogadores. No banco de reservas, o Mauaense contou com a ajuda de um torcedor/massagista. Luiz Gustavo Folego é frequentador das arquibancadas do estádio e, na falta de um massagista, foi chamado pelo presidente do clube para fazer parte da equipe de apoio do time.Grêmio Prudente 10 x 0 Osvaldo Cruz Com vários meses de salários atrasados, os jogadores do Osvaldo Cruz abandonaram o clube no meio do campeonato. A diretoria, então, resolveu levar a campo no último 16 o time Sub-17. Os garotos tiveram dupla jornada porque continuaram defendendo o clube no campeonato estadual de base. O resultado não poderia ser outro: levaram dez gols do Prudente.