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Parreira é só elogios para Kaká

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Por Agencia Estado
Atualização:

Por temperamento e por estratégia, Carlos Alberto Parreira costuma mostrar-se pródigo em distribuir elogios para seus jogadores. Mesmo quando não esteja totalmente satisfeito com o desempenho de alguns deles. Mas um dos que têm enchido os olhos do treinador, neste momento, é Kaká. Desde a partida com o Paraguai, duas semanas atrás pelas Eliminatórias, o conceito do meia do Milan cresce, tanto que o transformou em um dos pontos de referência da equipe. "A experiência na Europa lhe tem feito bem", atesta o treinador, responsável por apostar em Kaká na equipe principal, após o declínio de Rivaldo. "Ele evolui e tem sido cada vez mais participativo", elogia. A preocupação com o craque revelado pelo São Paulo fica evidente. Em alguns treinamentos desde a chegada à Alemanha no sábado passado, Parreira chamou Kaká à parte para trocarem idéias. "Foram questões táticas", desconversou o astro, embora tenha dado a entender que o técnico havia sugerido algumas ações certos deslocamentos para apresentar durante as partidas. Kaká tem assumido, com freqüência sempre mais evidente, a função de armar jogo, principalmente pelo lado direito do ataque. No entanto, como segue à risca a cartilha de Parreira, de que não pode descurar de apoio ao meio-campo, recua para ajudar Emerson e Zé Roberto. Funções que não o desgastam nem se apresentam como fardo. Afinal, não é nada novo e sim algo que tem feito na equipe italiana. "O importante é contribuir para o time", explica, em seu tom polido, que não dá espaço para polêmicas. Kaká tem consciência de que o caminho para o segundo Mundial está aberto, desta vez como titular, e não vê razão para qualquer tipo de lamúrias, seja o desgaste de fim de temporada, sejam as constantes mudanças de sedes e de concentrações na Copa das Confederações. "A folga vem depois", avisa, já com a garantia de que o Milan lhe concederá repouso antes de enfrentar a pesada temporada de 2005-06, que terá como auge a Copa da Alemanha. A atenção em torno de Kaká se justifica. Ele é uma das bases do que pode ser o destaque do Brasil no Mundial. Ao lado de Ronaldinho Gaúcho, Robinho e Ronaldo (quando voltar) forma o quarteto de talentos da seleção. Esse setor é a esperança de Parreira, que faz de tudo para não dar na vista, mas não esconde orgulho. "Ora, qual país no mundo tem condições de formar pelo menos três seleções fortes?", questiona. "O Brasil é privilegiado e agora tem uma geração que mistura talento, juventude e experiência ao mesmo tempo." SEM VOLTA? - A ascensão de Kaká na seleção diminui espaço para eventual retorno de Rivaldo. O ex-meia de Palmeiras, Barcelona, Milan andou em baixa, depois do excepcional desempenho que teve na campanha do pentacampeonato. Nos últimos meses, recuperou a auto-estima, com títulos e boas atuações no Olympiakos. Por isso, insinuou até desejo de voltar ao grupo, para disputar a terceira Copa consecutiva. O sonho de Rivaldo pode ser frustrado. Parreira, com tato e clareza, disse que não vê "necessidade premente" de chamá-lo, o que significa quase um "muito obrigado e passar bem" para quem perdeu para si mesmo espaço conquistado sob muita pressão. "O Rivaldo não tem nada para ser provado", justifica o técnico. "Seria falta de cabimento convocá-lo para ficar na reserva." O Brasil de Parreira aponta para o futuro, e Kaká é um dos símbolos do que pode ser a seleção no ano que vem. Ele só não quer a condição de ídolo, o que será inevitável, se mantiver o ritmo de evolução das duas últimas temporadas. "Sei que tenho muito pela frente", avisa. Sem pressa. Como convém para quem se preocupa em consolidar reputação.

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