PUBLICIDADE

Publicidade

Pelé chora e volta a criticar CPI

O ex-jogador se emocionou ao lembrar a conquista da Copa do Mundo de 1958 e condenou a forma como foram conduzidas as investigações na comissão da Câmara.

Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-jogador Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, fez um desabafo nesta sexta-feira, em Curitiba, contra jornalistas que "desrespeitaram a marca Pelé" e chegou a chorar ao lembrar o pai, Dondinho, e o orgulho de ter conquistado a Copa do Mundo de 1958, com apenas 17 anos. O ex-jogador participou de uma audiência pública da CPI do Futebol, na Assembléia Legislativa do Paraná. Lembrando suas críticas à CPI da CBF/Nike, ele afirmou que alguns jornalistas "fizeram sensacionalismo dizendo que o mesmo tinha interesses". "Jamais disse que era contra a CPI da Câmara", afirmou. O ex-jogador disse considerar as CPIs importantes para esclarecer o povo. "Mas com essa CPI não houve essa preocupação, foi mais para aparecer e não apurar os fatos", criticou. "Houve muitas entrevistas desnecessárias, perda de tempo." Segundo ele, a CPI da Câmara terminou em pizza, "por falta de um cuidado maior nas investigações." No discurso, Pelé afirmou que sua intenção sempre foi a de colaborar pela melhoria do esporte, particularmente o futebol. "Nunca tive intenção de tirar proveito, porque não preciso disso", desabafou. "Graças a Deus, onde quiser trabalhar, tenho as portas abertas", acentuou, sendo aplaudido pelas pessoas que lotaram o plenarinho da Assembléia. Antes disso, ele já tinha chorado ao lembrar do pai. Pelé contou que, em 1950, com 10 anos de idade, viu seu pai, seu maior ídolo, e que lhe ensinara que homem não chora, chorar porque o Brasil tinha perdido a Copa do Mundo. "Não se preocupe, quando crescer vou lhe dar uma Copa", prometeu. Oito anos depois, na Suécia, ele cumpriu a promessa. Pelé disse que, ao vencer, nada mais lhe importava, nem mesmo a presença do rei. Ele queria avisar o pai que o título era para ele. "No momento da conquista, a única coisa que eu perguntava para o repórter era se meu pai já sabia", disse, antes de cair no choro e ser seguido pela multidão presente. "Desculpem, sou emotivo mesmo e não aprendo." Para Pelé, o maior problema do futebol brasileiro é a falta de organização, sobretudo com a ausência de um calendário. Ele disse que isso motivou sua união com o Ministério do Esporte e a Confederação Brasileira de Desportos (CBF). "Se Deus quiser, na semana que vem isso será definido", disse. Segundo o ex-jogador, falta profissionalismo no futebol brasileiro. Ele deu nota 1 para a organização do futebol nacional. "Entre as pessoas que dirigem o futebol, a maioria dos que não tem má fé não tem preparo profissional para isso", acusou. "Hoje, no restante do mundo, o futebol já é uma indústria, mas nós ainda temos administração amadora, paternal", acentuou. "Tentei, na época em que o presidente me convidou para ser ministro, fazer uma lei que profissionalizasse o futebol e isso talvez tenha assustado os dirigentes, porque é uma coisa nova." Segundo ele, quando o Brasil organizar seu futebol e profissionalizar a administração, estará nas finais de todos os campeonatos mundiais que forem feitos, "porque talentos nós temos". O convidado para a sessão desta sexta-feira da CPI era o advogado espanhol Carlos Del Campos Colas, que falou sobre a legislação desportiva em seu país. Enquanto ele falava, na outra ponta da mesa não paravam de chegar papéis para Pelé autografar. Ao final, o presidente da CPI, Álvaro Dias, abriu espaço para o debate, mas como Pelé precisava retirar-se, o senador preferiu encerrar a sessão.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.