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Penta não deve render o esperado

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Por Agencia Estado
Atualização:

A conquista do pentacampeonato logo vai repercutir no futebol brasileiro: a freqüência de público deverá aumentar nos campeonatos nacionais, o passe dos jogadores (mesmo aqueles que não formaram a família Scolari) será valorizado, e as imagens dos torneios serão acompanhadas com mais avidez pelo mundo. "Mesmo assim, ainda faltam detalhes para o futebol brasileiro capitalizar devidamente a conquista do Mundial", observa o consultor de clubes José Carlos Brunoro. Os problemas são viscerais: a má estrutura dos clubes e das entidades que organizam os campeonatos, cujo calendário é modificado a cada temporada. Com isso, cresceu a dependência financeira dos clubes às emissoras de televisão, detentoras dos direitos de transmissão, que, por sua vez, com a queda de audiência, diminuíram os valores pagos. Um exemplo aconteceu com o Torneio Rio-São Paulo deste ano: enquanto os dirigentes pediam R$ 80 milhões, a TV Globo só aceitou desembolsar R$ 65 milhões ? e mesmo assim atrasou o pagamento. A situação contrasta com o futebol inglês, que ganhou seu único título mundial em 1966: na sexta-feira, a Sky TV anunciou um contrato de US$ 141 milhões pela transmissão de quatro temporadas do campeonato inglês. "Sou favorável que a televisão escolha o horário dos jogos, pois ela paga para isso", comenta Brunoro. "Mas, se hoje temos menos público nos estádios, não é por causa do horário das 21h40 e sim porque os campos não oferecem comodidade nem segurança." Ele lembra que um clube de futebol não é igual a qualquer empresa de entretenimento, que visa o lucro. "Seu objetivo é a conquista de títulos; o lucro deve ser a missão das entidades que organizam os campeonatos." Assim, a boa organização é a primeira receita de sucesso. Na França, por exemplo, o número da venda de ingressos antecipados, pelo sistema de carnês, aumentou em 30% depois da conquista da Copa de 98. E os clubes enfrentavam o mesmo problema que os brasileiros, ou seja, os grandes nomes de sua seleção atuavam em outros países. Na temporada de 97, por exemplo, o grupo de atletas da França atuando em outros países era constituído por 56 jogadores. No ano seguinte, subiu para 81. O mesmo já acontece no Brasil ? o presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, viajou para a Europa negociar o passe de Gilberto Silva antes mesmo de o jogador voltar do Japão. "Tal atitude pode ser positiva a curto prazo, com o recebimento do pagamento pelo passe do atleta", alerta Brunoro. "Por outro lado, atrai o interesse de empresas que só se preocupam em comprar jogador por um preço para vender por outro. O certo é ter um parceiro que tenha objetivos esportivos e não apenas comerciais. E isso só acontece com uma gestão profissional."

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