Pirlo e Juninho Pernambucano se encontram no Rio

Craque italiano revelou ter se inspirado no jeito de bater faltas do brasileiro, que defendeu o Lyon, da França, e o Vasco da Gama 

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

 Longe das câmeras, na privacidade do bunker italiano, dois grandes cobradores de falta se encontraram e trocaram presentes: Pirlo e Juninho Pernambucano. O brasileiro veio à concentração italiana porque o craque da Azzurra revelou em seu livro Penso Quindi Gioco (Penso logo jogo) que se inspirou em seu estilo para aperfeiçoar seus tiros de bola parada. "Na hora de bater falta penso em português e depois comemoro em italiano. E minha inspiração é um brasileiro que passou para a história como Juninho Pernambucano." O encontro durou pouco mais de cinco minutos antes do treino desta quarta-feira. Juninho veio acompanhado da filha Maria Clara, de 12 anos. Ele entregou a Pirlo uma camisa do Vasco e outra da seleção, ambas com o número 21 e o nome do italiano - que lhe deu uma sua da Itália com uma dedicatória: "Com carinho e admiração, Pirlo."

Pirlo e Juninho se encontram no Rio Foto: Reprodução/Twitter

Juninho disse ter ficado emocionado com o encontro. "Receber um reconhecimento como esse de um craque de nível mundial como o Pirlo me faz sentir como se tivesse ganho um título. Ele tem classe dentro e fora de campo." No livro, Pirlo conta que ficava estudando vídeos das cobranças de falta de Juninho para tentar entender como ele batia na bola. Ia mais cedo para o campo do CT do Milan e não conseguia acertar de jeito nenhum, para desespero do gandula que, segundo Pirlo, tinha de ir buscar as bolas no bosque. Até que um dia, em casa, acendeu-se uma luz em sua cabeça e ele decifrou o mistério: "Ele bate de três dedos, não com o pé inteiro. Batia embaixo da bola, com o pé reto, e logo fazia um movimento seco. Desse jeito a bola sobe e depois descai rapidamente e com efeito." Foi para o CT do Milan e, antes de ir para o vestiário, foi para o campo e testou o movimento com sapato mocassim. E guardou uma bola atrás da outra na gaveta. Dali em diante, não perdeu mais o jeito. Juninho disse que batia melhor do que o italiano de longa distância, mas considera Pirlo superior em tiros mais perto da área. O brasileiro deixou os jornalistas estrangeiros de boca aberta ao dizer que 44 dos 100 gols que marcou pelo Lyon foram de falta (calcula ter feito 80 na carreira), e que quando marcou de falta a equipe nunca perdeu. "Isso foi muito marcante para mim." Pirlo também diz no livro que seu maior prazer é fazer um gol de falta. E Juninho diz que entende isso muito bem. "O gol de falta sempre é bonito. Exige treinamento, qualidade técnica e acima de tudo muita concentração." Em sua opinião, já não se fazem mais batedores como antigamente - o que é um paradoxo num futebol em que a bola parada é cada vez mais valorizada e decisiva. "Acho que o motivo é que caiu a qualidade técnica dos jogadores em geral. Sem qualidade técnica para bater na bola não se faz um grande cobrador. Vejam a seleção brasileira, por exemplo: em outros tempos tinha muitos bons cobradores, mas hoje só tem o Neymar." E isso porque ele foi generoso, porque Neymar não chega aos pés de grandes batedores de antigamente. Nem aos seus, nem aos de Pirlo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.