O governo brasileiro deve anunciar hoje o reforço da segurança no Maracanã e ampliar o período em que os estádios estarão sob proteção. Reuniões de emergência foram convocadas no Rio de Janeiro, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, viaja hoje até a capital carioca para tentar bater o martelo sobre o novo esquema, visando o entorno do estádio. Depois de gastar mais de R$ 1 bilhão com a segurança e mais de 100 mil homens, o governo pode ser obrigado a elevar o efetivo diante de invasões de estádios. O que não está definido é se o reforço ocorrerá com a PM do Rio ou o Exército. A relação entre Fifa e governo voltou a estremecer e Cardozo vai deixar claro para a entidade que não aceita ser responsabilizado pelos problemas. Ontem, a Fifa chamou a invasão de dezenas de torcedores chilenos no Maracanã de "vergonhosa", culpando o governo brasileiro pela falta de segurança fora do estádio. O governo insiste que a responsabilidade é dos vigias contratados pela Fifa - que deveriam garantir a segurança dentro do estádio.
Existem, segundo a entidade, três falhas no Rio. O perímetro no entorno do estádio não está sendo suficiente e centenas de pessoas sem ingresso estavam onde não deveriam chegar. A saída do metrô no Maracanã é outro ponto frágil, além da falta de capacidade do policiamento em identificar grupos de risco, muitos dos quais passam as barreiras com ingressos antigos e até do carnaval. Agora, tanto Fifa quanto governo admitem que haverá um "realinhamento" da estratégia de segurança, principalmente diante do fato de que o Maracanã é o estádio da final e que, para o jogo, estão sendo aguardados diversos chefes de Estado, entre eles Dilma Rousseff e Vladimir Putin. Andrey Passos Rodrigues, secretário extraordinário de Segurança para Grandes Eventos, admitiu que a utilização do Exército está sobre a mesa e, ontem, comandantes das Forças Armadas estiveram no Maracanã. Mas a Fifa resiste, temendo a imagem de uma Copa militarizada. A opção seria uma utilização mais contundente da PM do Rio. Caso ocorram problemas no entorno dos estádios, o primeiro apoio seria por parte dos órgãos de segurança pública dos estados. "O Exército não vai revistar bolsa de ninguém, verificar autenticidade de ingresso ou ficar fazendo patrulha dentro de estádio", afirmou um oficial-general consultado pelo Estado, ao explicar que esse não é o papel das Forças Armadas. Em relação à possibilidade de o Exército dar uma cobertura maior na final da Copa, no Maracanã, o militar disse: "Descartado não está, mas seria em última instância. Só se a situação deteriorar muito. Mas não é isso que está sendo desenhado, ao contrário. Está tudo caminhando na normalidade".