Pogba muda estilo de jogo e encontra equilíbrio na defesa francesa

Meia reencontra seu melhor futebol em campanha francesa no Mundial da Rússia

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Foto do author Gonçalo Junior
Por Gonçalo Junior e Moscou
Atualização:

“É um prazer defender.” Foi com esta frase que o meia Paul Pogba começou uma entrevista coletiva recente em uma sala apinhada de jornalistas do mundo todo em Istra, nos arredores de Moscou. A afirmação causou estranhamento, como se estivesse cometendo um crime, mas ele continuou. “É uma Copa do Mundo e temos que nos sacrificar”, disse Pogba. “Temos que defender. Não é o que faço melhor, mas faço isso com prazer. Eu acho que me tornei mais maduro e todos os outros jogadores me ajudam muito nisso”, contou o jogador de 25 anos.

A postura revela uma mudança importante no estilo do jogador. Paul Pogba deixou a Juventus em alta após uma ótima temporada em 2016 rumo ao Manchester United como a solução dos problemas para o time inglês. Começou a fazer uma carreira de sucesso como meia ofensivo, aquele que chega de surpresa na área. Mas não podia descuidar da marcação dos adversários.

'Me tornei mais maduro', diz o jogador de 25 anos. Foto: Gleb Garanich/Reuters

Com duas funções importantes para fazer, o jogador não se destacou em nenhuma delas nos anos seguintes. Na Inglaterra há duas temporadas, ainda não conseguiu repetir as grandes atuações que o transformaram na revelação da Copa de 2014. Muitas vezes usado como um meia clássico, o jogador francês declarou que não é um meia. Na Copa da Rússia, parece que finalmente está reencontrando o melhor futebol: marca, mas também chega ao ataque. “Ele pode marcar, mas não é um número 10 ou o meia-atacante, mas eu considero que ele é um volante”, disse o treinador francês Didier Deschamps.

Deschamps conseguiu impor disciplina e equilíbrio na atuação tática do jogador, algo que o português José Mourinho ainda não conseguiu fazer em dois anos com o jogador no Manchester United.

“O Pogba jogou com grande maturidade”, disse Mourinho sobre seu desempenho na vitória por 1 a 0 sobre a Bélgica na semifinal. “Quando ele teve que manter sua posição e o controle do jogo, ele fez. Quando Deschamps tirou Olivier Giroud para colocar Steven Nzonzi, Pogba teve mais liberdade, mas a liberdade de não fazer coisas bobas. Liberdade para manter a bola longe das áreas perigosas. Para manter a bola ou para ajudar Antoine Griezmann em uma grande chance. Ele foi muito maduro”, elogiou o treinador português.

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A disposição de Pogba para a marcação tem ajudado no equilíbrio defensivo da França. A equipe não tomou gols em quatro dos seis jogos que fez até agora na Copa do Mundo (Peru, Dinamarca, Uruguai e Bélgica).

A estrutura defensiva francesa se baseia na solidariedade. Os três meias ajudam na marcação: Matuidi, Pogba e Kanté. Também se juntam os atacantes, como Mbappé e Antoine Griezmann. A França só mostrou buracos contra a Argentina (4 a 3). De resto, foi um time bem estabelecido atrás, capaz de amordaçar o Uruguai nas quartas de final e de só permitir três chutes da Bélgica, melhor ataque da Copa, no gol defendido por Lloris.

Pogba tem 25 anos, mas, de acordo com Umtiti, ele sempre foi um líder. É uma das vozes mais fortes do elenco. Sua presença enche a sala. “Patrick Vieira me deu alguns conselhos”, disse Pogba, sobre o ex-capitão da França. “Ele me disse para falar, dar conselhos e eu faço agora. Vieira sempre foi um exemplo. Ele é um líder nato”, elogiou o aprendiz.

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