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Ponte x São Paulo: clima de tragédia

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Por Agencia Estado
Atualização:

?Se eu fosse torcedor, não iria ao jogo nem levaria meu filho para o estádio.? A afirmação do volante Renan, do São Paulo, repetida pelo goleiro Lauro, da Ponte Preta, resume o clima de medo no qual os dois times entrarão em campo nesta quarta-feira, às 21h50, no Estádio Moisés Lucarelli, em Campinas. Depois da morte de três pessoas ? duas em São Paulo e uma em Campinas ? em conflitos de torcidas organizadas desde o fim de semana, os próprios jogadores estão constrangidos em falar sobre o confronto e receosos de que ocorram novos conflitos dentro e fora do estádio. ?Infelizmente, no Brasil, você não tem certeza se volta para casa depois de ver um jogo de futebol?, comentou Renan. O ambiente para o jogo desta quarta-feira ficou mais pesado depois que Anderson Tomás, torcedor da Ponte Preta, foi morto, na segunda-feira, por são-paulinos, na rua dos fundos do Estádio Moisés Lucarelli. Para Paulo Autuori, a banalização da violência é a pior conseqüência do clima de insegurança. ?Falamos em competitividade, em ganhar os jogos, mas há pessoas sendo mortas nas ruas e parece que nada está acontecendo?, disse o técnico do São Paulo. ?Estamos passando por um momento muito delicado.? Antes do treino desta terça-feira, Autuori conversou muito com o elenco do São Paulo e pediu concentração total no jogo. ?Vamos entrar em campo para jogar futebol, pois o que acontecer fora do gramado não é culpa nossa?, disse o técnico, sem temer pela integridade física de sua equipe. ?Faremos nossa parte e esperamos que os responsáveis pela segurança no estádio façam a deles.? Orientação semelhante adotou Estevam Soares, técnico da Ponte Preta. ?Pedi muito aos jogadores para que se concentrem apenas no que vai acontecer dentro de campo?, avisou. Mas alguns confessam que não é fácil manter a concentração, especialmente quem espera um apoio especial. ?É duro estar no campo e saber que está havendo uma briga na arquibancada e que lá pode estar sua esposa ou alguém da família?, comenta o zagueiro Thiago Matias, da Ponte Preta. ?Todos gostam de atuar com o estádio cheio, mas é difícil pedir aos torcedores que compareçam à partida?, completou Renan, do São Paulo. Para evitar inflamar ainda mais a ira dos torcedores adversários ? que já ameaçaram um quebra-quebra do estádio em caso de nova derrota ponte-pretana ?, Autuori pode preservar Amoroso. O atacante foi revelado pelo Guarani, arqui-rival da Ponte, e é pródigo em provocações aos adversários ao longo da carreira. No entanto, o treinador garante que se Amoroso não jogar será por uma opção da comissão técnica. ?Alguns atletas têm de ser preservados, em função da carga de jogos.? Os são-paulinos terão a chance de recuperar três pontos, já que no primeiro jogo, anulado pelo STJD, a Ponte Preta venceu por 1 a 0. Para os treinadores, o fato de o confronto ser repetido é outro fator de risco. ?Vamos jogar um jogo que já ganhamos?, lembrou Estevam Soares. ?Poderemos ser beneficiados injustamente, como outras equipes também foram?, disse Paulo Autuori. ?Isso pode criar um clima ainda pior, propício para que algumas pessoas percam o equilíbrio.?

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