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Por valor inédito de R$ 85 bi, Fifa avalia vender futebol a investidores

Medida inédita transformaria o esporte e acabaria com monopólio da entidade sobre o esporte

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Por Jamil Chade , correspondente e Genebra
Atualização:

Quando Gianni Infantino assumiu a Fifa, em 2016, ele havia prometido uma revolução na forma de organizar o futebol mundial, com a meta de expandir de uma forma inédita a receita da entidade máxima do futebol. Agora, ele começa a implementar seu plano e indicando aos demais cartolas que, em troca de US$ 25 bilhões (R$ 85 bilhões), poderia romper com um tabu na Fifa e vender a realização de torneios para mega-investidores internacionais. 

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Investidores chineses, árabes, japoneses e americanos se reuniram para propor que um torneio Mundial de Clubes fosse organizado, percorrendo vários países com mega times como Real Madrid, Juventus, Barcelona, Manchester City, PSG ou Bayern, além de coadjuvantes sul-americanos, africanos e asiáticos. 

Gianni Infantino (esq.) ao lado de Alejandro Dominguez, presidente da Conmebol Foto: Eitan Abramovich/AFP

Segundo o jornal Financial Times, o banco japonês Softbank seria um dos investidores e o plano contaria ainda com um grupo britânico, o Centricus. A espécie de Liga Global teria como objetivo usar a popularidade dos times europeus para praticamente rivalizar com a Copa do Mundo. 

A ideia é de que o primeiro torneio ocorresse em 2021. Em 2017, o Estado revelou com exclusividade que a meta era a de acabar com a Copa das Confederações e substituir pelo novo torneio. O evento, porém, ocorreria a cada dois anos, evitando se chocar com os anos de Eurocopa, Olimpíada e Copa América. 

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O Estado apurou com membros do Conselho da Fifa que, de fato, os atores envolvidos são de grande porte. “Ficamos estupefatos quando ouvimos os valores que querem colocar no evento”, disse um dirigente, na condição de anonimato. 

Se inicialmente houve uma reação de suspeita em relação ao projeto, a ideia começa a ganhar a adeptos. “Esse é o poder do dinheiro”, comentou o cartola. 

A Fifa manteria 51% das ações da empresa que seria criada para estabelecer o novo torneio global. Assim, o objetivo seria o de manter o controle sobre o evento. Mas, ao contrário do modelo usado desde 1930, ela já não mais tomaria as decisões sozinhas e investidores passariam a opinar e decidir sobre os campeonatos. 

Um eventual acordo mudaria de forma dramática, tanto o formato do futebol mundial como as próprias finanças da Fifa. Hoje, na melhor das hipóteses, a entidade espera uma receita de US$ 5,8 bilhões com a Copa na Rússia. Pelo novo projeto, a renda dos Mundiais até hoje seriam duplicado. 

Oficialmente, o assunto não faz parte da agenda de reuniões do Congresso da Conmebol, realizado a partir desta quinta-feira em Buenos Aires. Mas com Infantino na capital argentina, a proposta inédita será alvo de conversas privadas entre os dirigentes. 

Os sul-americanos querem garantias de que, num torneio de clubes, a representação seja proporcional. Numa proposta circulada no ano passado, o evento teria 24 times. Mas, desses, apenas cinco ou seis seriam sul-americanos, o que desagradou a Conmebol. Já os europeus teriam o direito de incluir doze times.