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‘Posso ser melhor que antes’, diz Amoroso

Após ser espancado por 15 pessoas no carnaval e ficar 32 dias no hospital, atacante se prepara para voltar ao futebol

Foto do author Gonçalo Junior
Por Gonçalo Junior
Atualização:

O boné preto do atacante Rafael Amoroso não é só questão de estilo. Após o espancamento que sofreu no carnaval, quando foi agredido por 15 pessoas, virou um aliado para esconder as marcas da tragédia. Ali embaixo estão várias cicatrizes dos golpes de barra de ferro que levou só por ter recuperado o celular de uma amiga após um furto em um desfile de blocos, em Pinheiros. Após 32 dias no Hospital das Clínicas, boa parte deles em coma, além de duas cirurgias, ele saiu no dia 22.

Restaram outras marcas. Os 14 quilos que perdeu, dos 84 para os 70, deixaram o olhar mais profundo. Ele fala devagar, às vezes gagueja um pouco. Segundo o jogador de 27 anos, a garganta ainda dói por causa da traqueostomia, aquela abertura de orifício na traqueia para a passagem de ar. A memória não ficou com marcas, pois Rafael não se lembra da briga. 

Polícia não tem pistas dos agressores de Rafael Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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O Estado visitou o jogador ontem, em sua casa, na zona sul de São Paulo, após mais uma sessão de fisioterapia com exercícios de fortalecimento muscular e condicionamento físico. São três por semana. Não há tempo definido para a recuperação. “Quero recuperar musculatura e a parte física para voltar a jogar. Com força divina, eu vou jogar futebol”, diz. 

Três clubes já procuraram o empresário Manoel Barboza oferecendo uma oportunidade ao atleta, que está desempregado desde a metade do ano passado. Um dos clubes fez contato um dia antes da tragédia. Rafael sorri, mas não revela os nomes. De acordo com suas próprias palavras, ele é um atacante de velocidade, com cabeceio maravilhoso, habilidoso e boa finalização com as duas pernas. 

Ele não sabe quantos gols fez até hoje depois de iniciar a carreira no São Caetano, em 2007, e passar por diversos times, entre eles, o Palmeiras B, Juventude, ABC (RN) e Juventus. “Eu posso ser melhor que antes por causa da superação”, planeja. 

Não há restrições médicas, mas ele toma remédios para febre, dor, outro para dormir e um calmante, todos administrados pela mulher, Suzy Firmino de Souza. De vez em quando, reclama de uma leve tontura. “Os médicos disseram que eu não ia sobreviver. E, se sobrevivesse, teria sequelas. As orações fizeram a diferença. Gente que não me conhecia me manda mensagens. Fiquei surpreso.” 

A mulher acha que ele ficou mais calmo. “Ele se tornou uma pessoa melhor. Está mais amoroso, mais carinhoso. Reconheceu que foi um milagre na vida dele. Por isso, as coisas melhoraram”, conta a recepcionista. SEM PISTA De acordo com a família, a polícia ainda não tem pistas dos agressores. Rafael não se arrepende de ter ajudado a amiga que teve seu celular furtado. “Eu fui ajudar minha amiga que estava sendo covardemente assaltada. Ela ficou chateada e me deu apoio e força no hospital”, conta. “Não guardo rancor de quem me agrediu. A justiça vem de Deus”, afirma. 

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O espancamento foi a segunda tragédia recente na vida de Rafael Ferreira de Souza de Oliveira. No final de semana do carnaval, Suzy estava na casa dos pais, no Guarujá, para se recuperar de uma gravidez interrompida. Foi necessária uma cesárea de emergência para a retirada do feto, que estava com pouco menos de dois meses. 

Além da recuperação, Suzy lidou com as dificuldades para explicar ao filho Thiago, de 10 anos, o que aconteceu. “Eu contei tudo, mas ele é inocente, não teve a mesma preocupação que a gente. Mas eu não chorava perto dele”, diz a mulher. 

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