Semanas atrás, ficou aqui a sugestão para o Corinthians fazer a tomada de preços de chope, em boa quantidade. Agora, com oito rodadas até o encerramento do Brasileiro, pode pedir cotação de salgadinhos para a festa do título. Nem precisa ser muito discreto, pois na toada em que vai, rodada mais, rodada menos, liquida esse desafio.
A verdade é uma: o Corinthians não vacila, muito raramente desvia do roteiro para a taça, não dá moleza para quase ninguém. Sabe o que busca. Outra prova de consistência, autocontrole e eficiência foi dada no início da noite de ontem, com os 3 a 0 sobre o Goiás, no Itaquerão.
O rival verde não teve sequer como esboçar surpresa, como havia feito anteriormente com São Paulo, Santos e Palmeiras. Mal teve tempo para se espalhar em campo e já levava gol – de cabeça, marcado por Edu Dracena. O zagueiro foi o melhor em campo. Na hora em que imaginava se reagrupar, o time goiano levou o segundo, de Malcom. Pronto, acabou o gás, encolheu-se, tratou de evitar surra maior.
Além de sustentar 5 pontos à frente do Atlético-MG, o mérito do Corinthians foi o de não se desgastar. A rapaziada de Tite não desperdiça energia. Percebeu que o adversário tinha ido para o espaço, então tocou a bola, criou chances, fez o terceiro (Rodriguinho) e mostrou que não está para brincadeiras. Sorte deles, azar dos demais. Mais fácil o dólar voltar a R$ 2,50 do que o Corinthians ficar sem o hexa.
Vida tricolor 1. Se o presidente em exercício, Carlos Augusto de Barros e Silva, cumprir o que disse ontem, é possível que o São Paulo volte a ter transparência administrativa. O dirigente assumiu o comando na emergência, após renúncia de Carlos Miguel Aidar, e garantiu que não haverá complacência em relação a “atos lesivos” ao clube. Se não for discurso para apaziguar associados inquietos com o escândalo que levou à queda do ex-presidente, então se tratará de golaço tricolor.
O São Paulo não pode fechar os olhos para os fatos que se transformaram em furacão político. O ex-vice-presidente de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, alega ter gravação de conversa que comprometem Aidar. É obrigação do Conselho analisar o documento, assim como é direito – e dever – de Aidar e Guerreiro apresentarem justificativas, explicações, esclarecimentos. É questão de honra para todo mundo.
Vida tricolor 2. Houve críticas à atuação nos 2 a 0 para o Fluminense, no Maracanã. A estreia de Doriva, em substituição a Juan Carlos Osorio, não foi das melhores – e não se trata só de resultado. O São Paulo não jogou bem, não esteve distribuído em campo com eficiência e ordem. Enfim, sentiu o baque da mudança de estratégia e técnico.
O que se deve levar em conta, no momento, é que demanda tempo para que Doriva imponha a ideia dele de jogo. E, com 8 jogos pelo Brasileiro e mais dois (ou 4) na Copa do Brasil, desatino esperar milagres. Não é justo descer a ripa no moço, se as coisas não derem certo. Da mesma forma que não ficará com as glórias, se o São Paulo terminar em 4.º na Série A ou conquistar a Copa. Num caso e noutro, pesará a herança do colombiano.
Se o São Paulo aposta em Doriva deve conversar com ele desde já e garantir-lhe permanência de longo prazo. A temporada está quase no fim, não faz sentido falar em “ajustar o time”. Isso é absurdo.
Pausa pra quê? O Palmeiras ficou dez dias sem compromissos, assim como todos os outros times. Treinou até no domingo, como recordou Marcelo Oliveira, para mostrar como levou a sério a pausa. E daí? Na prática – entenda-se a partida com a Ponte –, não adiantou nada.
Na derrota por 1 a 0, em casa, os palestrinos criaram pouco, abusaram de ligação direta da defesa para o ataque, não souberam superar a retranca do adversário. Pior: acumulam 11 derrotas, quase o mesmo número de vitórias (13). Para isso contratou tanta gente em 2015?
Depois do chope, Corinthians pode fazer cotação do preço de quitutes para festa do título.