Prefeito de Verona nega que houve insultos racistas contra Balotelli
Novo caso de racismo na Itália reabre debate; torcedor diz que o centroavante não é um 'italiano de verdade'
Por Redação
Atualização:
Os supostos insultos racistas contra Mario Balotelli na última rodada do Campeonato Italiano ainda geram discussões no país. Depois do técnico do Hellas Verona, o croata Ivan Juric, afirmar que não ouviu nada de preconceituoso no Estádio Marcantonio Bentegodi, foi a vez do prefeito da cidade de Verona negar injúrias raciais contra o atacante durante a partida.
"Parece que uma sentença já foi escrita na pedra. Objetivamente, o que aconteceu com nossa cidade é inaceitável. Eu reitero: estava no estádio e todos ficaram atônitos quando Balotelli chutou a bola para fora. Ninguém pôde explicar aquilo. Portanto, pode-se presumir que não existiu (racismo), pois não havia cantos racistas no estádio. Uma torcida e uma cidade estão sendo expostos à vergonha", declarou Federico Sboarina à agência ANSA.
Quem também atacou Balotelli foi o líder dos ultras do Verona, parte mais violenta da torcida. Luca Castellini criticou o fato de o rival ter chutado a bola em direção às arquibancadas e ter ameaçado deixar o gramado. O torcedor ainda defendeu a atitude de parte dos espectadores e chegou a dizer que o polêmico atacante do Brescia não é um "italiano de verdade".
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"Tem cidadania italiana, mas não é de todo italiano. Ouviu esses coros somente na cabeça dele. Temos uma cultura de identidade, somos uma torcida irreverente", tentou argumentar em entrevista ao programa Radio Cafè. "Zombamos do jogador careca, daqueles com cabelos grandes, os do Sul, e os de cor... Mas não fazemos isso com instinto político ou racista. Isso que o Balotelli fez é uma palhaçada."
Nesta terça-feira, o Verona divulgou nota em seu site oficial proibindo a entrada de Luca Castellini no Estádio Marcantonio Bentegodi até 2030. Segundo o clube, as declarações do torcedor são "gravemente contrárias aos princípios éticos" defendidos pela equipe.
GANA
Filho de pais ganeses, Balotelli nasceu em Palermo, na Itália, e acabou adotado por uma família italiana aos três anos de idade. Ativista na luta contra o racismo, o jogador respondeu aos ataques em sua conta em uma rede social. "Chefe dos ultras do Verona... Cartellini. Aqui, meus amigos, não é mais sobre o futebol... Está insinuando sobre situações sociais e históricas maiores do que você. Você é muito baixo."
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O centroavante ainda lembrou que quando fazia gols pela seleção italiana ninguém questionava sua origem ou a cor de sua pele. "Acorde, ignorante. Você é a ruína. Mas quando Mario fazia e, garanto, fará ainda gol pela Itália, está bem, certo?"
O fantasma do racismo no futebol
1 / 16O fantasma do racismo no futebol
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No começo do ano, o volante Arouca foi ofendido por um grupo de torcedores do Mogi Mirim no Campeonato Paulista Foto: Divulgação/Santos
Balotelli
Irritado com ofensas racista durante jogo contra o Hellas Verona pelo campeonato italiano, Mario Balotelli chegou a chutar a bola em direção aos torce... Foto: Marco Bertorello/AFPMais
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Lamentável: em dérbi contra o Atlético, Marcelo foi vítima. Torcedores rivais entoaram cânticos racistas contra ele e seu filho Foto: AFP
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Paulão, zagueiro brasileiro do Bétis, foi vítima da própria torcida ao ser expulso no 1º tempo em partida contra o Sevilla Foto: EFE
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O Milan deu ótimo exemplo em 2013. Em amistoso na Itália, Boateng foi vítima de racismo e o time inteiro decidiu abandonar o jogo Foto: EFE
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Drogba sofreu com o racismo enquanto atuou pelo Galatasaray. Em dérbi contra o Fenerbahçe, a torcida imitou sons de macaco Foto: EPA
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Em jogo entre Anzhi e Zenit, um torcedor ofereceu uma banana a Roberto Carlos, que foi consolado pelos companheiros Foto: AP
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Em 2005, Grafite foi ofendido por Desábato, do Quilmes, que recebeu voz de prisão ainda no gramado, mas pagou fiança Foto: AP
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Marc Zoro precisou ser convencido por Adriano a não deixar a partida após sofrer racismo da torcida da Inter em 2005 Foto: AFP
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Antônio Carlos Zago já foi chamado de "macaco" quando jogou pela Roma, mas também foi acusado em 2006 por gestos racistas Foto: Xsport
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Atuando pelo Barça, Eto"o chegou perto de abandonar uma partida após ser vítima de racismo, mas foi contido pelos companheiros Foto: REUTERS
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Em jogo contra o CSKA em que Yaya Touré sofreu racismo, o clube russo foi punido e fechou seus portões até o final da Liga Foto: Action Image
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A presidente Dilma recebeu o jogador Tinga e o árbitro Márcio Chagas, que foram vítimas em 2014, no Palácio do Planalto Foto: AFP
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Nesta quinta, a vítima do fantasma do racismo foi o goleiro Aranha, ofendido por uma infeliz parte torcida do Grêmio Foto: Diego Guichard
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Balotelli até chorou no banco de reservas durante jogo contra o Napoli devido às ofensas. Ele já foi vítima incontáveis vezes Foto: AFP
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Neste ano, Dani Alves comeu a banana que foi atirada por torcedores do Villarreal e deu uma lição de superioridade Foto: Reprodução