Dezenove dias depois do incêndio que provocou a morte de dez jogadores da base do Flamengo e deixou outros três feridos, a Prefeitura do Rio interditou nesta quarta-feira o CT do clube, conhecido como Ninho do Urubu. A interdição ocorreu por volta das 9h e foi confirmada depois que fiscais da prefeitura, acompanhados por policiais da Guarda Municipal, visitaram pela manhã o local, que fica na zona oeste da capital fluminense. Eles deixaram colado na porta do CT uma cópia da decisão. A medida tomada pelas autoridades significou o cumprimento de uma ordem que já havia sido determinada anteriormente pelo município em 2017, mas não cumprida pelo clube.
No edital no qual ordenou a interdição do CT do Flamengo, que foi publicado no dia 24 de outubro de 2017 e foi afixado novamente nesta quarta-feira para cumprimento da medida por parte do clube, a Prefeitura do Rio informou que o CT não possui o "competente alvará de licença para estabelecimento". Um carro da guarda municipal permaneceu na porta do CT para garantir que a ordem fosse acatada.
No último dia 15, após reunião com representantes do Ministério Público do Rio (MP-RJ), da prefeitura e outros órgãos de fiscalização, o Flamengo já havia sido informado que a prefeitura iria refazer a ordem de interdição ao Ninho. Antes disso, no dia 12, uma vistoria realizada por diversos órgãos do Estado e do Município do Rio identificou irregularidades no CT. Três quadros de luz foram interditados e foram constatados também problemas "de ordem sanitária".
Todas as questões em situação de desconformidade perante as normas da legislação trabalhista estavam em áreas dedicadas à base ou a funcionários do clube. "A área dedicada aos (jogadores) profissionais estava em condições muito melhores", afirmou o superintendente regional do Trabalho no Estado do Rio de Janeiro, Alex Bolsas, ao comentar a vistoria no último dia 15. Antes desta interdição, a Prefeitura do Rio já havia interditado os CTs do Fluminense e do Vasco, além do alojamento do estádio de Caio Martins, em Niterói. O Flamengo havia sido multado 31 vezes por falta de documentação legal do local. Chegou a pagar algumas dessas multas, mas não todas.