Publicidade

Presidente da CBF se envolve em confusão na Rússia e torcedor acaba em hospital

Torcedor xinga Coronel Nunes em restaurante e depois entra em confronto com assessor do cartola, que já foi cortado da comissão da entidade

PUBLICIDADE

Foto do author Almir Leite
Foto do author Marcio Dolzan
Por Almir Leite , Marcio Dolzan , Leandro Silveira , Jamil Chade e enviados especiais à Rússia
Atualização:

O paraense Alexandre Nazareno, que está na Rússia acompanhando a seleção brasileira, precisou ser medicado em um hospital de São Petersburgo após ser agredido por ter xingado o presidente da CBF, o coronel Antonio Nunes. Ele foi atingido na cabeça por um copo atirado por um assessor do dirigente. O incidente aconteceu na madrugada de sexta-feira, em um restaurante da cidade. 

+ Alemanha vai a Sochi em busca do mesmo ambiente encontrado em 2014

+ A Copa que eu perdi

Nunes jantava com familiares e assessores quando foi chamado de "safado" e "vagabundo" por Nazareno, que é do mesmo Estado do presidente da CBF. De acordo com pessoas que presenciaram a confusão, o torcedor ainda teria dado um tapa nas costas do dirigente, além de um soco em um assessor de nome Gilberto Barbosa. Este teria reagido e atingido a cabeça do torcedor com um copo. A atitude irritou a cúpula da entidade, e ele foi desligado da delegação que está na Rússia e voltará ao Brasil, possivelmente ainda nesta sexta-feira.

Coronel Nunes, presidente da CBF, jantava com familiares e assessores quando foi chamado de "safado" e "vagabundo" na Rússia. Foto: Jamil Chade/Estadão

Nazareno foi atendido inicialmente no próprio restaurante e depois encaminhado para um hospital. O estabelecimento fechou mais cedo que o habitual por conta do incidente. Gilberto Barbosa, apontado como o assessor que agrediu torcedor, é conhecido como Giba e foi funcionário da Federação Paulista de Futebol quando a entidade era presidida por Marco Polo Del Nero, hoje banido do futebol pela Fifa.

Na Rússia o Coronel Nunes, que preside a CBF desde abril do ano passado, tem sido isolado por seus assessores desde que votou no Marrocos para sede da Copa de 2026 após se comprometer a votar nos Estados Unidos, México e Canadá. Foi considerado traidor. Desde então, passa a maior parte do tempo em seu quarto de hotel em Moscou, viaja para acompanhar a seleção e às vezes sai para jantar.

Publicidade

CBF PODE SER PUNIDA

Os incidentes de violência envolvendo membros da CBF em um restaurante de São Petersburgo poderiam ser tratados pelo Comitê de Ética da Fifa. Se um processo for aberto, os envolvidos poderiam ser punidos, inclusive com um afastamento do restante da Copa do Mundo. A polícia foi chamada ao local e o dono do estabelecimento colocou a culpa nos cartolas pela confusão. Mas a delegação brasileira deixou o restaurante antes da polícia chegar. Para que o Comitê Organizador da Copa possa agir, o torcedor que foi alvo da violência teria de primeiro prestar queixa na polícia.

Coronel Nunes, atual presidente da CBF, ao lado de Bruno Caboclo, próximo comandante da entidade. 

Mas, na Fifa, a consideração é de que a entidade também poderia agir de forma proativa. Oficialmente, a organização ainda não se pronunciou. Mas, na condição de anonimato, membros do Comitê de Ética da Fifa indicaram ao Estado que acreditam que o órgão da entidade teria jurisdição para lidar com o caso, já que o funcionário da CBF faz parte de uma delegação oficial, credenciada para acompanhar a seleção brasileira durante a Copa do Mundo na Rússia. Num dos artigos do Código de Ética da Fifa, estipula-se que todos os membros "demonstrarão compromisso com uma atitude ética". O texto ainda fala que eles "devem se comportar de maneira digna e agir com total credibilidade e integridade". Um dos debates que poderia existir seria sobre a competência do caso ser, prioritariamente, do próprio Comitê de Ética da CBF. Mas membros do Comitê da Fifa acreditam que existiria uma brecha, no item 5 do artigo 27. "O Comitê de Ética (da Fifa) também terá o direito de investigar e julgar casos nacionais se associações, confederações ou outras organizações não processarem tais violações ou se não for esperado um juízo adequado dadas as circunstâncias específicas", disse