A polícia da Itália voltou a investir no combate a ações mafiosas. Desta vez, o alvo é o futebol, pois há indícios fortes de ligações entre o esporte e associações criminosas. O resultado de investigações iniciadas dois anos atrás levou à detenção nesta quarta-feira de Paolo Pagliuso, presidente do Cosenza, que disputa a Série B do calcio. Junto com o dirigente, foram presas também outras 13 pessoas. A operação policial, comandada pelo promotor Eugenio Facciolla, foi batizada como "lobos". As diligências começaram em março de 2001, após denúncia do empresário Settimio Loré, que na época havia comprado 50% das ações do clube, mas lhe era negado acesso à contabilidade. Depois de receber várias ameaças de morte, ele se viu obrigado a passar sua parte no negócio para Pagliuso, bancado por um grupo de "amigos". Loré morreu em novembro de 2001, em acidente de carro. A polícia suspeitou de assassinato, mas chegou à conclusão de que foi só "fatalidade". As investigações prosseguiram e desembocaram na ação desta quarta-feira, que envolveu uma centena de policiais em várias batidas simultâneas em Cosenza, Sul da Itália. No escritório de Pagliuso foram apreendidos documentos sobre a movimentação bancária do clube e de seus principais acionistas. O Ministério Público disse que também há indícios de "fortes laços e interesses do crime organizado infiltrados no futebol." Vários cartolas italianos já tiveram problemas com a Justiça, na maioria das vezes por sonegação. O caso mais recente é o de Vittorio Cecchi Gori, ex-presidente da Fiorentina, acusado de falência fraudulenta do clube. Franco Corbelli, presidente do Napoli, foi preso em 2002 por venda de obras de arte falsas.