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Promotoria exibe extratos com gastos de Marin no valor de US$ 138 mil

Ex-presidente da CBF comprou em lojas como Brioni, Valentino e Christian Dior

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Por Ricardo Leopoldo
Atualização:

Extratos de cartões de conta bancária no banco Morgan Stanley de José Maria Marin, ex-presidente da CBF, exibiram gastos de US$ 138 mil (cerca de R$ 454 mil) em lojas de luxo em Nova York em dezembro de 2014, de acordo com documentos exibidos pelos promotores que representam o governo dos Estados Unidos no "Caso Fifa", no qual Marin é julgado, junto com Juan Angel Napout, ex-vice-presidente da Fifa, e Manuel Burga, ex-presidente da Federação Peruana de Futebol. O julgamento ocorre na Corte do Distrito Leste de Nova York.

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Os documentos foram exibidos durante depoimento de Steve Berryman, líder da equipe de agentes do IRS, órgão federal do governo dos EUA equivalente à Receita Federal no Brasil, que investiga Marin, Napout e Burga. Entre as despesas, estão US$ 10 mil (R$ 33 mil) na Brioni, US$ 22 mil (R$ 72 mil) na Valentino e US$ 38 mil (R$ 125 mil) na Christian Dior.

Jose Maria Marin está sendo julgado em Nova York Foto: Darren Ornitz/Reuters

Após o promotor Samuel Nitze exibir os documentos do banco Morgan Stanley que foram reconhecidos por Steve Berryman, o advogado de defesa de Marin, James Mitchell, fez um breve comentário direcionado ao conjunto de jurados, formado por 18 pessoas, sendo 12 titulares e 6 substitutos: "Gostaria de informar que o senhor Marin tem um apartamento em Nova York há 30 anos. Sem mais observações, sua excelência", disse, em referência à juíza Pamela Chen.

O promotor Nitze fez também perguntas ao agente Berryman sobre depósitos que totalizaram US$ 1,5 milhão que foram feitos na conta da empresa Firelli International, de José Maria Marin, informações que já foram trazidas à Corte na semana passada. "Estes recursos têm origem em depósitos de Expertise Travel, de Wagner Abrahão", comentou o funcionário do IRS. Ele referia-se a três transferências financeiras realizadas pela Expertise Travel, do empresário Wagner Abrahão, realizadas para a Firelli International em 2013.

As perguntas do promotor Samuel Nitze a Steve Berryman visavam que ele tentasse explicar que o US$ 1,5 milhão destinado à empresa de Marin "era metade" de US$ 3 milhões que foram enviados da empresa FTP de uma conta do banco Julius Baer, na Suíça, em meados de 2013 para uma conta de outra empresa de Wagner Abrahão, a Support Travel.

A FTP é uma empresa da Torneos y Competências, do empresário argentino Alejandro Burzaco, especializada em marketing esportivo, que admitiu em Tribunal ter pago cerca de US$ 160 milhões em propinas para um grupo de 30 pessoas entre 2004 e 2015. Ele reconheceu que fez pagamentos milionários para ter vantagens comerciais na edição de alguns torneios de futebol, como edições da Copa América.

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A defesa de José Maria Marin leu um curto texto ao Tribunal no qual manifestava que qualquer recurso que o ex-presidente da CBF teria recebido no período que envolve as investigações do "Caso Fifa" só teria ocorrido na condição de pessoa física.

FIM DE EVIDÊNCIAS

Nesta terça-feira ocorreu o encerramento da apresentação de evidências por parte da promotoria e advogados de defesa de José Maria Marin, Juan Angel Napout e Manuel Burga.

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Segundo advogados de defesa dos três acusados, que preferiram não ter seus nomes mencionados na reportagem, nesta quarta-feira deverá ocorrer os argumentos finais da promotoria e dos defensores. "Mantenham suas mentes abertas antes de suas deliberações e não formem conclusões", afirmou a juíza Pamela Chen aos jurados.

"É possível que o período de deliberações dos jurados pode começar na sexta-feira e dificilmente deverá levar mais que 5 dias", comentou um dos advogados. "Contudo, não é possível saber em quantos dias poderá ser anunciada a sentença final, que precisará ser unânime. Do contrário, o julgamento começará novamente."

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