
03 de setembro de 2019 | 16h00
A janela de transferências para a temporada 2019/20 do futebol mundial, encerrada na segunda-feira, foi a maior de todos os tempos. Pela primeira vez na história, o mercado da bola global ultrapassou a casa dos 7 bilhões de euros (R$ 35,9 bilhões) em compras e empréstimos de jogadores. O recorde anterior era de 4,21 bilhões de euros (R$ 18 bilhões), estabelecido em junho/julho/agosto do ano passado. Os clubes ingleses continuam a predominar, com o investimento de 1,5 bilhão de euros, mas os três clubes que mais gastaram na janela foram espanhóis (Barcelona, Real Madrid e Atlético de Madrid).
Mercado já movimenta 6 bilhões
Os ingleses conseguiram estender aos negócios a supremacia que demonstraram em campo na temporada anterior, com a conquista dos dois principais torneios: a Liga dos Campeões (Liverpool) e Liga Europa (Chelsea). O valor investido pelos ingleses da Premier League foi de 1,5 bilhão de euros diante de 1,3 bilhão do Campeonato Espanhol (La Liga) e de 1,1 bilhão do Campeonato Italiano (Série A) - vale destacar a recuperação da capacidade de investimento dos italianos, que ficaram à frentes dos alemães (742 milhões de euros) e dos franceses (670 milhões).
Outras janelas continuam abertas, como a dos Emirados Árabes e de Portugal, que serão concluídas no dia 22 de setembro. "No cômputo geral, continua a existir um predomínio dos clubes ingleses com relação ao montante gasto, ainda que a janela neste país tenha terminado no dia 8 de agosto e ainda que os três clubes que mais gastaram neste ano sejam espanhóis. Isso atesta que uma distribuição mais igualitária de receitas de TV acaba por fortalecer a liga como um todo", avalia o advogado Eduardo Carlezzo, especialista em Direito Desportivo Internacional.
Por outro lado, os clubes espanhóis lideram o ranking das maiores contratações, aquelas que chegaram à marca de 100 milhões de euros (R$ 455 milhões): a ida do português João Félix para o Atlético de Madri, a venda do francês Antoine Griezmann para o Barcelona e o desembarque do belga Eden Hazard no Real Madrid.
Para Carlos Aragaki, diretor da divisão de Esportes da BDO, a tendência é os valores das negociações sejam superiores a cada temporada. "Apenas um time como Real Madrid contratou cinco jogadores com investimentos da ordem de 300 milhões de euros. Além disso, tivemos outras contratações significativas. A contratação mais aguardada, a do Neymar, não ocorreu. A tendência é que os valores das próximas janelas sejam iguais ou ainda maiores", explica o especialista.
A janela de transferências teve pouco impacto sobre os clubes brasileiros. Foram realizadas poucas negociações de relevância. A principal delas foi a ida de Philippe Coutinho para o Bayern de Munique por empréstimo. A contratação mais significativa foi a do lateral Éder Militão pelo Real Madrid por 50 milhões de euros (R$ 228 milhões). Em seguida, a chegada de Rodrygo também ao Real Madrid, depois de boa passagem pelo Santos, por 45 milhões de euros (R$ 205 milhões).
A janela foi marcada pela frustração da negociação de Neymar. O encerramento da janela confirmou a falta de acordo de Paris Saint-Germain pela venda do atacante. O jogador sondado pela Juventus, procurado pelo Real Madrid e alvo de investidas insistentes do Barcelona acabou por ficar mesmo no time francês. "Não foi uma janela significativa para os brasileiros como as anteriores. Algumas contratações não se concretizaram", compara Aragaki.
O Corinthians, por exemplo, não conseguiu cumprir a meta de alcançar R$ 55 milhões com venda de atletas. Algumas peças do elenco foram sondadas, como o Mateus Vital, que quase foi para a Roma. A única venda foi a do volante Douglas, que estava emprestado ao Bahia, para o PAOK, da Grécia. Somadas outros valores, como o mecanismo de solidariedade com a ida de Malcom ao Zenit, da Rússia, e a venda de Juninho Capixaba no início da temporada, o clube conseguiu R$ 23 milhões.
"O impacto desta janela nos clubes brasileiros foi pequeno, tendo ocorrido poucas negociações de relevância. Este fato pode gerar um impacto ainda mais negativo nas finanças dos clubes, já que é visível neste ano a dificuldade que a enorme maioria dos clubes apresenta para manter pagamentos em dia", opina Carlezzo.
2011: US$ 1,30 bilhão
2012: US$ 1,24 bilhão
2013: US$ 2,01 bilhões
2014: US$ 2,34 bilhões
2015: US$ 2,59 bilhões
2016: US$ 2,79 bilhões
2017: US$ 3,95 bilhões
2018: US$ 4,21 bilhões
FONTE: Fifa
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