Muito prazer, Reinaldo. Desconhecido de muitos, o novo volante do Palmeiras vive seu conto de fadas. Como todo garoto pobre, da periferia, sonhava em encontrar no futebol uma maneira de dar vida confortável à família. E em dois jogos sob o comando de Emerson Leão, arrancou elogios, virou unanimidade e já pensa na renovação de contrato - que lhe renderia bom aumento salarial. Tudo para poder, enfim, deixar o aluguel e comprar a cobiçada ?casinha? para os pais. E o carro? "Nem sei dirigir ainda, mas não é prioridade", disse Reinaldo, que agora mora num flat, em frente o Palestra Itália. Antes, levava duas horas para chegar ao treino. "Prometi a meus pais que um dia iria me tornar jogador de futebol para recompensar o esforço que tiveram comigo", contou o tímido jogador de 21 anos, único filho homem de dona Vera e seu Vitório, auxiliares de cozinha. O pai atualmente está desempregado. Tem outras três irmãs. Desde os 7 anos, ele já batia sua bolinha nas ruas da Zona Leste de São Paulo. Descalço, no asfalto quente ou nos campinhos de terra batida. Morou em Guaianazes, Vila Carrão, Jardim Imperador e na Vila Fátima, no Sapopemba. Começou na várzea, em times da Vila Formosa, o Ceret e o Capital. Até profissionalizar-se, no Nacional. Passou pelos juniores de Siena, da Itália, e Quilmes, da Argentina (onde também sofreu com racismo) até desembarcar no Palmeiras B. "Ele é o novo Magrão", avisou Leão. "Calma, calma, o Magrão se consagrou no Palmeiras, virou ídolo. Eu quero ser o Reinaldo", discursou o jovem jogador, evangélico, que se espelha no volante César Sampaio. "Um homem de grande caráter." E, se Leão precisar, Reinaldo joga na lateral-direita, posição na qual começou, na meia e até no ataque. O nome é homenagem ao goleador do Atlético-MG nos anos 70. Fez 4 gols no time B e outro na estréia, diante do Figueirense. Personalidade é a marca principal deste volante moderno. "Sempre falei que um dia estaria no time de cima. Não fiquei surpreso com minha ascensão não", garantiu.