Ricardinho: apaixonado pelo Santos

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Por Agencia Estado
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Ricardinho está apaixonado por Santos e pelo Santos, cidade e time que viram a sua ressurreição para o futebol depois de passagens ruins pelo São Paulo e Middlesbrough, da Inglaterra. "Aqui, fui recebido com muito carinho", diz. Novamente ele é dirigido por Vanderlei Luxemburgo, revivendo parceria de sucesso no Corinthians, uma combinação que dá certo. "Sei o que ele espera de mim e ele sabe como pode contar comigo." Mas não é só. Na primeira quinzena de março, Bernardo chega para aumentar a família que forma com a mulher, Juliana, e Bruno, o primeiro filho do casal. De bem com a vida, de bem com as pessoas e trabalhando duro como sempre, a conquista de mais um título não pode ser considerada uma surpresa. Mesmo que ele não confesse isso a ninguém. Nem mesmo a Juliana. "Depois que o Atlético perdeu para o Vasco, ela me deu um beijo e falou que não tinha mais jeito de a gente perder o título. Lembrei que o Palmeiras perdeu do Flamengo e que Senegal ganhou da França na abertura da última Copa. Esse título só pode ser definido na última rodada. Antes, não comemoro." Hoje, chegou o dia de comemorar. Foi um título conquistado com muito suor. "Nós fizemos uma espécie de pacto. Para ser campeão, o Atlético-PR ia ter de ganhar todos os jogos, pois nós não iríamos dar nenhum refresco para eles. A sorte é que quando a gente errou, contra o Paysandu, eles erraram também contra o Grêmio. Aí, ficamos sempre na cola. Nós tínhamos de jogar no limite e conseguimos." Ricardinho estreou em 30 de maio, no empate por três gols com o Atlético-MG, em Belo Horizonte. Depois, foram sete vitórias seguidas. Na sexta, veio o primeiro gol. Aos 47 do segundo tempo, cobrando falta contra o São Paulo. Comemorou como nunca, mostrando que as mágoas pela passagem malsucedida no Morumbi ainda persistem. "A gente estava em vigésimo lugar e logo entrou na briga pelo título, foi uma recuperação muito boa. Tudo começou quando, depois do empate com o Atlético Mineiro, o time ficou uma semana treinando em Atibaia. Os jogadores assimilaram o que o Luxemburgo queria e começaram a render mais. A gente criou uma identidade muito boa." Para ele, foi a sensação de rever lições que, na verdade, nunca esqueceu. Ricardinho sabe tudo o que Luxemburgo precisa. "Ele monta o time com um volante, dois meias que atacam e ajudam na marcação e um outro meia que fica bem próximo dos dois atacantes. Eu sou o meia pela esquerda, o Casagrande faz o papel pela direita e o Elano é quem fica perto do Deivid e do Robinho. Conheço bem esse esquema." Um esquema que o permitiria de jogar junto com Alex, do Fenerbahce, por exemplo. "Sem nenhum problema. Ele é muito bom nesse papel de se aproximar dos atacantes e eu jogaria ali, pelo meio. Acho que a gente se daria muito bem." Nem sempre tudo dá certo, como Luxemburgo pede e explica com antecedência. E quando a falha acontece, é hora de acionar o "plano B" e, se preciso, o "C". Mais uma vez, Ricardinho não se apura. "Quando o adversário não deixa a gente fazer como gosta, é hora de inventar. Ou recuar para marcar mais, ou avançar para ser mais um no ataque. A gente tem de se superar e esse pessoal que está aqui sabe fazer isso." Ricardinho fala como capitão. No Santos, é o líder que se recusou a ser no São Paulo. Não vê nisso nenhuma incoerência. "Não sou aquele tipo de capitão que manda nos outros, que pensa que é o dono do time. Não sou caudilho. Aqui, a gente conversa bastante, todo mundo fala, todo mundo ouve. É um grupo preparado para vencer." Mas se no Santos é assim, como era então lá no São Paulo? Ricardinho prefere passar a bola. "Não tem comparação. Tudo é muito diferente." Ele nunca fez questão - nem tem perfil para isso - de ser a estrela da companhia. Assume sempre o papel de coadjuvante, mas um coadjuvante mais que premiado pela Academia. "Assim eu rendo mais. Quando tudo está certo, quando os atletas se dão bem e quando as ordens do técnico são assimiladas, o time rende. Eu também, lógico. Não sou diferente." Por considerar tão natural o momento que está vivendo na Vila, Ricardinho se recusa a falar em "virada" ou "volta por cima." Considera São Paulo e Middlesbrough percalços superados. "Nunca tive problemas em jogar bem no Corinthians e se não fui como o São Paulo esperava é porque esperavam um tipo que não sou." Um capitão, por exemplo. Na Inglaterra, Ricardinho jura ter vivido uma situação inexplicável. "Eu treinava, treinava e não ficava nem no banco. O técnico ficava sem graça e falava que a próxima temporada seria melhor para mim. Aí, descobri que não estava inscrito no Campeonato. Eles perderam o prazo e se recusaram a admitir o erro. Muita gente pensou que eu não estava jogando bem. A verdade é que eu não podia jogar. Resolvi voltar. Estou feliz e o resto é passado. Nem quero lembrar mais." O passado passou. O título de hoje é o presente. E o futuro, Ricardinho sonha, passa pela Alemanha. "Vou ter 30 anos em 2006 e estou na briga para disputar a Copa." Seria a segunda na sua carreira.

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