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Ricardo Teixeira é investigado por vender voto para Catar

Brasileiro está entre os examinados pelo Comitê de Ética da Fifa

Por JAMIL CHADE e CORRESPONDENTE ZURIQUE
Atualização:

Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, está sendo investigado pela Fifa. A informação é do Comitê de Ética da entidade que, oficialmente, indicou que o brasileiro está sendo examinado. Se for condenado, ele pode ser obrigado até a deixar todas suas relações com o futebol.

Ele é suspeito de ter vendido seu voto para o Catar sediar a Copa de 2022. A lista dos nomes de cartolas sob investigação foi revelada nesta quarta-feira, depois que a Fifa aprovou mudanças em seus estatutos para permitir que sejam divulgados casos sob suspeita e que estejam sendo examinados.

Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF Foto: Fabio Motta/ Estadão

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A reportagem do Estado revelou em 2014 que a suspeita se referia ao jogo entre Brasil e Argentina, disputado no Catar e que poderia ter servido como forma de compensar tanto Teixeira quanto o argentino Julio Grondona pelo voto que dariam aos árabes. O jogo aconteceu dias antes da eleição na Fifa, em 2010, e que definiu a sede. Numa investigação interna, a Fifa disse inicialmente que não encontrou indícios de que o jogo foi usado para o pagamento de propinas. Mas as investigações da Justiça da Suíça e dos EUA apontam que as empresas que fizeram os pagamentos são as mesmas que hoje estão construindo os locais que receberão os jogos da Copa de 2022.

O Ministério Público da Suíça abriu inquérito sobre o assunto e chegou a confiscar os computadores da empresa Kentaro, que havia organizado a partida. No Brasil, a Polícia Federal indiciou o ex-presidente pelos crimes de falsificação de documento público, falsidade ideológica, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. O Coaf, órgão de investigação financeira do Ministério da Fazenda, registrou movimentação atípica de Ricardo Teixeira dentro do Brasil de R$ 464,5 milhões entre 2009 e 2012.

Também levantou suspeitas a conta de Ricardo Teixeira em Mônaco. Ao levantar os depósitos feitos na conta corrente, os investigadores americanos e suíços descobriram diversas transferências vindas de contas no Golfo. Essa não é a primeira vez que a conta de Mônaco é mencionada. Durante a Copa de 2014, um site francês dedicado ao jornalismo investigativo, Mediapart, revelou gravação em que banqueiros falam sobre Teixeira e sua conta com 30 milhões de dólares no principado.

O banco usado seria o Pasche, uma filial do grupo Credit Mutuel. O caso estaria sendo investigado pelas autoridades monegascas por lavagem de dinheiro, num processo conduzido pelo juiz Pierre Kuentz. Teixeira teria passado pelo principado em janeiro, fevereiro, abril e maio de 2014, sempre ficando pelo menos dois ou três dias. O cartola se hospedava no luxuoso hotel Metropole. Isso não seria por acaso: o hotel fica a poucos metros do banco. Ao portal Terra, Teixeira teria ainda revelado que ele fechou um acordo pelo qual os votos que seriam dados para a Espanha, para a Copa de 2018, seriam transferidos para 2022 ao Catar. O acordo, pelas regras da Fifa, era ilegal. 

KAISER

Além de Teixeira, a lista publicada nesta quarta revela a dimensão dos escândalos dentro da Fifa. O órgão inclui Franz Beckenbauer e o espanhol Angel Maria Villar, o atual vice-presidente da Uefa, entre os suspeitos. Ambos são investigados por seu papel no caso da suspeita de compra de votos para a escolha da Copa de 2022. Eles faziam parte por seu papel na caso da suspeita de compra de votos para a escolha da Copa de 2022.

Beckenbauer também passou a ser examinado no que se refere às revelações da imprensa alemã de que Berlim teria comprado votos para sediar a Copa de 2006. A lista ainda inclui outros nomes como Worawi Makudi, Jeffrey Webb e Amos Adamu. Os dois últimos presidentes da Conmebol, Eugenio Figueredo e Nicolás Leoz, também estão sob investigação. Mas ambos também enfrentam um pedido de extradição por parte dos EUA. 

Joseph Blatter e Michel Platini, ambos já suspensos, também estão sob investigação. Jérôme Valcke, ex-secretário-geral da Fifa, também está na mira do Comitê de Etica. 

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