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(Viramundo) Esportes daqui e dali

Risco ao crédito

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Por Antero Greco
Atualização:

A torcida do Palmeiras parece essas casas internacionais de classificação de risco. Ao menor vacilo na economia de um país, já ameaçam baixar a nota de crédito, de grau de investimento e outras represálias complexas que deixam todos com cabelos em pé e com mais medo do que crianças de antigamente tinham de bicho-papão e boitatá. Pois palestrinos agem de maneira semelhante em relação à equipe deles: perdeu uma e lá vem a enxurrada de “bem que avisei”, “o time não vale nada”, “só ganha de galinha morta”, “o Marcelo Oliveira é muito burro”. Observações do gênero – e citam-se apenas as publicáveis – espalharam-se pelas redes sociais tão logo acabou o jogo em que o Atlético-PR ganhou por 1 a 0 no final da manhã de ontem no Allianz Parque lotado.  “Calma, Beth!” Como?! Não é referência à moça brasileira que levou uns sopapos da americana no UFC e ficou brava com alguns fãs. Aquela é a Bethe, que apanhou da Ronda, na madrugada de domingo, e ouviu gozações. Bom, essa é outra história e nem me ligo em MMA. A frase é expressão de tempos atrás, que sugere um pouco de reflexão. O Palmeiras não esteve bem diante do Furacão, viu interrompida sequência de seis vitórias e um empate nas sete rodadas anteriores, saiu do G-4, ficou mais distante de Atlético-MG e Corinthians na corrida pela liderança. Atrapalhou-se diante de um rival que usou de maneira inteligente a tática de segurar-se e apostar num vacilo para vencer. Enfim, negou fogo e saiu chamuscado.  Nem por isso se deve jogar por terra o trabalho do grupo e do treinador. Não terminou o encanto por causa do derrapada em casa – grave, claro, nem por isso incontornável. O Palmeiras sentiu o peso da expectativa e se complicou ao ver desmantelar-se o meio-campo.  O setor tem sido decisivo no equilíbrio e sofreu duas baixas consideráveis. O primeiro a tropeçar, e literalmente, foi Gabriel, ao pisar em falso e torcer o joelho, com poucos minutos de bola a rolar. No intervalo, saiu Rafael Marques, também por limitação física. Com isso, caiu o desempenho de Dudu, Robinho e Leandro Pereira. Ou seja, os pilares da armação e da construção se abalaram e permitiram o predomínio do meio e da defesa paranaenses. O resultado? O mais manjado do futebol: um cochilo, que veio numa cobrança de escanteio, e a bola procurou os pés do fofo Walter. Um chute, o gol, três pontos e alegria rubro-negra. Derrota nunca alegra, mas Marcelo e atletas podem tirar ensinamentos proveitosos. Um deles está em ensaiar alternativas para desvencilhar-se de marcação forte; o Palmeiras deu esporádicos arremates. Outro fica para mudanças no meio-campo, se houver uma baixa por acidente, como ontem; não pode ficar estático. E, se possível, também baixar um tico o salto, pois o de alguns rapazes já andava meio elevado.  Vida que segue, e não está na hora de chamar os engravatados que vão mexer no rating do Palmeiras. Credo! Peixe respira. O Fla fez dois gols em um minuto (Alan Patrick e Sheik), sem contar que espremia o Santos no próprio campo de defesa. Pronto, lá vinha outra surra, para deixar Dorival Júnior e pupilos de novo sob a sombra da zona de descenso. No segundo tempo, reviravolta, comandada pelo Lucas Lima. Antes sumido, o rapaz se apresentou pro jogo, estimulou os demais e a história mudou. Ricardo Oliveira diminuiu e Lucas empatou, com direito a deixar o Santos perto de virada espetacular.  O resultado não é o melhor dos mundos para o Peixe, que custar a sair da parte de baixo da classificação. No entanto, serve como outro sinal de reação, já despontado aqui e ali. Talvez não consiga proezas no Brasileiro de 2015. Mas, se com todos os problemas que enfrentou, terminar de forma digna, terá valido a pena. Falta, agora, espantar de vez qualquer ameaça de despencar.  Ponte, alerta. Risco que vale para a Ponte. Embora tenha dois pontos a mais do que o Santos (19 a 17), desce a ladeira. No ritmo atual, logo mais estará na beira do Z-4.

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