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Robinho: Coletiva para amenizar briga

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Por Agencia Estado
Atualização:

Não há mais clima para Robinho continuar no Santos. A coletiva que o jogador convocou para esta segunda-feira, quando anunciará que cumprirá o seu contrato até o fim, é apenas parte da estratégia de sua assessoria para impedir que os dirigentes da Vila Belmiro o transformem em vilão diante da torcida. O impasse está criado e agora só resta saber quem vai sair vencedor nessa queda de braço: o Santos, recebendo os US$ 50 milhões da multa pela rescisão do contrato que termina em janeiro de 2008, sem ter que dar um tostão ao segundo maior ídolo da história do clube, ou Robinho, deixando a Vila Belmiro pela porta da frente, mediante acordo e recebendo os 40% a quem direito. Ingratidão. Esse foi o termo escolhido pela tropa de choque da diretoria do Santos escolheu para destruir a imagem de bom menino e profissional correto de Robinho, transformando-o em um jogador rebelde e interessado apenas ganhar mais dinheiro. O pontapé inicial da batalha foi dado pelo radialista e apresentador Armando Gomes, âncora do programa Esporte por Esporte, na TV Santa Cecília, da família do presidente santista, Marcelo Teixeira. Na noite de quarta-feira, logo depois de Robinho ter aparecido no Jornal Nacional, da TV Globo, dando entrevista como jogador do Real Madrid, Gomes criticou o comportamento do Rei das Pedaladas, fazendo pesadas insinuações de que ele havia sido pego numa batida policial, com o porta-luvas de seu carro ´batizado´, e que foi ´salvo´ por Teixeira e "não por seu amiguinho preso recentemente." Também lembrou a ajuda do dirigente durante o período em que a mãe do jogador ficou em poder de seqüestradores. Robinho foi informado ainda na Alemanha sobre o assunto, telefonou para Armando e teria prometido exigir pessoalmente suas explicações. Na sexta-feira, o apresentador registrou queixa de ameaça num distrito policial de Santos. Esse não é um fato isolado na batalha que está sendo travada entre os assessores de Robinho (Juan Figer e Vágner Ribeiro) e Teixeira. O que foi dito sobre Robinho na TV Santa Cecília teria sido repetido ao jogador, na presença de Gilvan (seu pai), Wagner Ribeiro (seu procurador), Norberto Moreira da Silva (vice do Santos), Luís Henrique de Menezes (gerente de futebol) e o técnico Gallo na reunião de sexta-feira à tarde. Na reunião, Robinho tentou justificar a entrevista que deu à TV Globo em Frankfurt, alegando que acreditava que o Real havia chegado ao valor que o Santos exigia (US$ 25 milhões) e que Teixeira cumpriria a promessa que fez no começo do ano de vende-lo em julho, após a participação do clube na Copa Libertadores. Saiu tudo errado. O presidente foi duro e disse que agora não vai recuar na sua decisão de só permitir a transferência mediante o pagamento da multa de US$ 50 milhões. Robinho e seu pai saíram da reunião indignados com o que haviam acabado de ouvir. Mário Mello, um dos advogados mais atuantes do clube, afirma que está atento quanto à possibilidade de Figer e Ribeiro tentarem a liberação de Robinho na Fifa, sob a alegação de que ele e seus familiares não se sentem mais seguros no Brasil, após o seqüestro de dona Marina (mãe de Robinho), em 6 de novembro do ano passado. "Se for preciso, vamos até ao presidente da República para que o Santos tenha os seus direitos respeitados." O processo de provocar desgaste da imagem de Robinho continuou após à reunião de sexta-feira, no apartamento do presidente. O jogador disse a Gallo que tinha que comprar o presente de aniversário para a noiva Vivian, que fez 21 anos na sexta-feira, e talvez não daria tempo para ir à Vila Belmiro, onde o time treinou. Mesmo assim, a sua ausência foi considerada falta, punida com multa pela ´caixinha´ dos jogadores. O técnico até aproveitou para mostrar a sua força, dizendo que Robinho iria treinar no sábado e jogar neste domingo contra o Juventude e se não aparecesse o problema seria passado para a diretoria. "Não vou perder o comando em cima de qualquer jogador que tenha contrato com o clube", completou. Às pessoas mais próximas, Robinho tem dito que jogar no Real Madrid e ter a possibilidade de ser eleito o melhor do mundo seriam a realização de um sonho, mas que a sua pressa em se transferir para a Europa tem outro motivo. "É duro o Robinho ver a sua noiva ter que ser acompanhada por seguranças para ir à academia e à faculdade; ver que a sua mãe não pode mais sair de casa, nem mesmo para ir à feira, perto de onde mora; ver o pai proibido de ir ao culto da igreja evangélica." Na festa de aniversário da noiva, que varou a madrugada de sábado, num buffet de São Vicente, comparecem parentes e amigos mais próximos. Dona Marina disse que iria, mas depois preferiu ficar em casa. Essa tem sido a sua rotina desde que foi solta pelos seqüestradores no dia 17 de dezembro do ano passado e retornou a Santos. Enquanto esteve com a Seleção Brasileira na Alemanha, os pais de Robinho ficaram numa cidade do Nordeste não revelada.

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