Acusado de assédio, Rogério Caboclo tem suspensão de 21 meses confirmada na CBF

Mandatário vê federações estaduais votarem unanimemente contra seu retorno diante da denúncia de funcionária da entidade

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Por Marcio Dolzan/ RIO
Atualização:

Dirigentes de 27 federações estaduais acataram a recomendação da Comissão de Ética da CBF e decidiram suspender por 21 meses o presidente da entidade, Rogério Caboclo, acusado de assédio sexual contra uma funcionária. Com a decisão, o dirigente só poderá retornar ao cargo em março de 2023, um mês antes do término do mandato.

Durante o período de afastamento, o cartola ficará sem receber salários e outros benesses da CBF. "Desde o segundo mês de afastamento dele que o salário e todos os benefícios que ele tinha pelo cargo foram suspensos também. Portanto continuará suspenso", afirmou o presidente interino da entidade, Ednaldo Rodrigues.

Rogério Caboclo é afastado da presidência da CBF por 21 meses Foto: Lucas Figueiredo/CBF

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O afastamento definitivo do cargo não era uma opção na Assembleia Geral realizada nesta quarta-feira, uma vez que os presidentes das 27 federações foram convocados apenas para apreciar o parecer apresentado pela Comissão de Ética, que recomendou a suspensão por 21 meses. Assim, as únicas opções eram acatar a recomendação ou reconduzir Caboclo imediatamente ao cargo.

O dirigente, contudo, ainda enfrenta outros dois processos éticos na entidade, também sob a acusação de assédio. Caso seja suspenso em algum deles, a pena será somada à atual e Caboclo dificilmente voltaria a ocupar o cargo.

UNANIMIDADE

A decisão foi tomada em reunião fechada realizada na sede da CBF, no Rio. Impedido de comparecer por determinação da Justiça do Trabalho - que também apura a conduta da entidade no caso -, Caboclo foi representado por seus advogados.

Nos últimos dias, Rogério Caboclo manteve intenso contato - direto ou indireto - com dirigentes estaduais em busca de apoio. Na terça, véspera da Assembleia Geral que definiu seu futuro na entidade, ele encaminhou uma carta de oito páginas aos cartolas falando de seus feitos e acusando a "oposição" de querer tirá-lo do cargo via golpe. Um dirigente ouvido nesta quarta-feira pelo Estadão afirmou que alguns presidentes de federações chegaram a receber contatos de políticos, inclusive governadores de Estado, pedindo apoio a Rogério Caboclo. Nenhum nome, contudo, foi revelado.  O cartola se dizia confiante em reverter a punição. Ele precisava do apoio de pelo menos sete presidentes, e segundo alguns dos presentes à reunião ele chegou a dizer que já contava com o apoio de o dobro disso. Na assembleia desta quarta, porém, ninguém se manifestou a favor de Caboclo. O dirigente afastado promete que ainda vai recorrer, mas ninguém na entidade acredita que ele terá sucesso nisso. O que todos querem, na verdade, é que ele renuncie ao cargo - o que abriria a possibilidade de se realizar uma eleição para um mandato tampão, que se encerraria em abril de 2023. Questionado sobre o assunto, Ednaldo Rodrigues lembrou que os dirigentes estaduais já fizeram esse pedido inclusive por escrito. "Essa é uma decisão (renúncia) de foro íntimo. (Mas) as 27 federações que hoje votaram dizendo 'não' à qualquer tipo de assédio - e não foi só o assédio sexual contra mulheres, mas também assédio moral contra todos - eles pediram a renúncia do presidente afastado Rogério Caboclo. As 27, exatamente no dia 25 de agosto, na Assembleia que ele pediu que fosse suspensa. Então acho que aquele documento vale mais que a palavra minha de pedir o mesmo", declarou o presidente interino.

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DEFESA

Em nota, Rogério Caboclo afirmou que esta decisão 'é mais um capítulo do maior e único golpe efetivo deflagrado contra um presidente de entidade esportiva em atividade no Brasil' e que os dirigentes das federações sofreram constrangimento durante o processo de votação nesta quarta-feira.

"O sistema de votação adotado na Assembleia foi o de permanecer sentado quem estivesse de acordo com a deliberação da comissão de ética. E deveria se levantar quem estivesse contra. Isso criou desconforto ainda maior entre presidentes que tinham ideia de rejeitar o viciado procedimento ético contra Caboclo", escreveu.

Por fim, o presidente afastado afirmou que "lutará até o fim e utilizará todos os recursos jurídicos cabíveis até a solução definitiva do caso."

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