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Ronaldo é escalado para apaziguar críticas a Copa do Mundo de 2014

Fenômeno será um dos três integrantes do conselho que responderá pelas principais decisões do comitê

Por PEDRO FONSECA
Atualização:

RIO - O ex-atacante Ronaldo será membro do novo conselho de administração do comitê organizador local da Copa do Mundo de 2014, numa tentativa do presidente da entidade, Ricardo Teixeira, de neutralizar as críticas à preparação do Brasil e os conflitos internos com a Fifa e o governo federal. Ronaldo será um dos três integrantes do conselho, que será o órgão responsável por tomar as decisões principais do comitê. O próprio Teixeira, que também continuará na presidência da organização, e um terceiro integrante ainda a ser escolhido vão completar a entidade. "Nada é melhor para esse propósito de identidade nacional do que convocar para entrar em campo um nome que encarna à perfeição essa identidade, o grande craque Ronaldo... Esse Ronaldo que o povo brasileiro idolatra é a voz perfeita para o momento de conciliação em torno da Copa de 2014", disse Teixeira no anúncio, nesta quinta-feira, em um hotel do Rio de Janeiro. O dirigente apenas leu o anúncio e não respondeu a qualquer pergunta. Teixeira, que comanda a CBF desde 1989 e também é membro do comitê executivo da Fifa, está sendo investigado pela Polícia Federal por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro. O dirigente nega as acusações, mas as denúncias levantaram questionamentos sobre sua continuidade no principal cargo da organização do Mundial. Além das investigações, Teixeira não possui com a presidente Dilma Rousseff o mesmo bom relacionamento que tinha com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e também tem seus laços com a Fifa estremecidos por divergências com o chefe da entidade, Joseph Blatter. A nomeação de Ronaldo, que desde que se aposentou dos campos em fevereiro se tornou um bem-sucedido empresário do setor esportivo, pode tirar Teixeira da linha de frente da preparação para o Mundial, colocando em seu lugar um nome inquestionável no futebol tanto dentro como fora do país. "Temos vivido tempos de muitas incertezas, notícias distorcidas, notícias falsas, orçamentos que são superados, e acho que é o momento ideal de aproximar todas as partes envolvidas nesse processo", disse Ronaldo, em entrevista coletiva, após ter se reunido com Teixeira para fechar o acordo. "Estarei à disposição de todos para esclarecer a aproximar as pessoas." Antes mesmo de assumir o cargo no comitê, Ronaldo já se reuniu em Brasília esta semana com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, para buscar uma aproximação com o governo federal. Ele será também o principal intermediário entre o comitê organizador e o Congresso Nacional nas negociações da Lei Geral da Copa -- pacote de medidas que precisa ser aprovado para a realização da competição. "Todos os investimentos estão sendo feitos, a gente vai agora entrar nesse processo de acompanhar de perto todo esse processo, fiscalizar, mas desde já garanto que não tenho a menor dúvida que tudo vai acontecer de acordo com o cronograma", afirmou o ex-jogador, que já foi eleito pela Fifa três vezes o melhor do mundo. "Essa Copa do Mundo não é da Fifa, não é da CBF, não é do comitê, não é do governo. A Copa do Mundo é do povo, e o povo tem que sentir orgulho dessa Copa, tem que participar dessa Copa", disse Ronaldo. A chegada de um ex-jogador à entidade de preparação para a Copa do Mundo de 2014 repete no Brasil o que aconteceu nas Copas da França, em 1998, e da Alemanha, em 2006, quando os ex-capitães nacionais Michel Platini e Franz Beckenbauer estavam na linha de frente dos Mundiais. Pelé, o maior ídolo do futebol brasileiro em todos os tempos, é um desafeto antigo de Teixeira e não faz parte do comitê organizador local. O ex-jogador, no entanto, foi nomeado pela presidente Dilma Rousseff como o embaixador do governo para a Copa -- uma medida vista como forma de afrontar Teixeira.

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