EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Ronaldo usa seu carisma para alavancar programa de sócio-torcedor do Cruzeiro, que chega a 37 mil

Presidente chama a torcida para se juntar ao seu projeto e estabelece meta de 50 mil filiados até o fim do Campeonato Mineiro, em abril: arrecadação pode chegar a R$ 25 milhões por ano

PUBLICIDADE

Foto do author Robson Morelli
Atualização:

Ronaldo faz a diferença. Sempre fez. Na final da Copa do Mundo de 2002, ele marcou dois gols contra a Alemanha. Não é qualquer um que marca duas vezes numa final de mundial e leva seu país ao título. Ronaldo é carismático. Sua carreira foi acompanhada por torcedores e admiradores de todas as idades e bandeiras, mas sua identificação com as crianças sempre foi algo a se destacar em sua trajetória. Ele não perdeu seu carisma nem quando parou de jogar nem nos comentários sonolentos de futebol na Globo quando se aventurou a fazer o trabalho. Ninguém é chamado de Fenômeno por acaso. Ronaldo justifica o apelido recebido na Itália, nos anos da Inter de Milão. Sua vida de empresário começou cedo e não parou mais.

Ronaldo tem conseguido recuperar confiança do torcedor na gestão do Cruzeiro Foto: Rodrigo Sanches / Cruzeiro

Sua mais nova empreitada o coloca de novo em evidência e no centro dos holofotes. Esqueça os casamentos e descasamentos, os filhos e as notícias fora do futebol. Ronaldo vive em Minas Gerais, onde tudo começou para ele aos 16 anos, a fama de um cartola carismático. São bem poucos no futebol brasileiro, diga-se. Nesse pouco tempo em seu retorno para Minas, ele transita entre os cruzeirenses quase que carregado nos braços depois de se tornar o principal acionista do clube, com aporte financeiro de R$ 400 milhões. É Deus no céu e Ronaldo na terra. O Cruzeiro até parece (mas não é) ter se apequenado diante do tamanho de Ronaldo. O nome do time é menos citado do que o do jogador. Muitos falam que Ronaldo "terá de pagar isso ou aquilo" para que a equipe possa jogar ou contratar, quando na verdade quem tem de pagar isso ou aquilo é o Cruzeiro. Ele virou sinônimo do clube mineiro, um dos maiores do Brasil, mesmo a despeito dos anos enterrados na Série B. É Ronaldo daqui, Ronaldo dali. Há muita esperança em sua condução. A mais recente marca, desta semana, foi o aumento de sócios-torcedores do clube mineiro. O Cruzeiro bateu na casa dos 37 mil associados ao programa, o que gera receita anual de R$ 18 milhões. A meta proposta pelo próprio Ronaldo num chamamento da torcida é de 50 mil militantes até o fim do Campeonato Mineiro, que acaba em abril, ganhando ou não a disputa - atualmente ocupa a terceira posição. Se conseguir, o clube salta para R$ 25 milhões de arrecadação  com o programa. A resposta dos cruzeirenses foi imediata. O clube só faz crescer nesse segmento. Faltam 13 mil novas carteirinhas para alcançar a meta. Ronaldo e seu carisma têm muito a ver com isso. O torcedor acredita nele e em suas ideias. Ronaldo passa mais seriedade do que a maioria dos dirigentes do Brasil. A questão maior é confiar que ele não colocaria dinheiro em algo que fosse dar errado, pode acontecer, mas ele traz sua experiência do seu outro clube, o da Espanha, para construir um alicerce forte na Toca da Raposa. Sua identificação com o clube fala por si só. Depois de tantos anos, Ronaldo ainda é ídolo no Cruzeiro. É visto como um filho da casa que volta após ganhar o mundo no futebol. O filho que deu certo. Ele é tão ídolo que transita sem problemas entre os atleticanos também. Ronaldo nunca desdenhou seus adversários. Sempre foi um atacante sem bandeira. E isso o ajuda muito a se sentar com o rival e a tentar resolver os problemas, como brigas entre torcedores das duas equipes. Ronaldo pediu um basta nisso para que o futebol de Minas cresça. Ronaldo voltaria para a Espanha semana passada, mas preferiu esticar sua estadia em Belo Horizonte. Meter a mão na massa pega bem com o torcedor e com toda a comunidade cruzeirense. Seu grande objetivo, como todos esperam, é tirar o time da Série B após três temporadas. Neste ano, há dois rivais mais duros na competição, Bahia e Grêmio, além do Vasco, agora ajudado por um aporte financeiro da SAF. Ronaldo avança em sua empreitada, mas, como ele mesmo diz, ainda falta muito a ser feito.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.