Roseli critica técnico da seleção feminina

Cortada da equipe que vai disputar o Mundial dos EUA, jogadora diz que Milene não tem condições de atuar na seleção e não perdoa o diretor Luís Estevão.

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Por Agencia Estado
Atualização:

A manutenção de Milene Domingues na seleção brasileira feminina de futebol que vai disputar o Mundial dos Estados Unidos, numa clara jogada de marketing da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) - a presença da mulher do atacante Ronaldo aumenta bastante o interesse da imprensa e do próprio público pela seleção -, revoltou a atacante Roseli. A bronca da jogadora, cortada da delegação, não é diretamente contra Milene, embora considere que ela não tenha condições de jogar na seleção. Roseli não perdoa mesmo é o técnico Paulo Gonçalves e o diretor do futebol feminino Luís Miguel Estevão. ?Ela (Milene), não joga bem e não merecia estar lá. Mas não tem culpa de nada. Os culpados são o Paulo Gonçalves e o Luís Miguel?, disse Roseli à Rádio Jovem Pan. A atacante tem 33 anos e desde 1988 fazia constantemente parte da seleção brasileira, sempre com destaque. Disputou três sul-americanos (foi tricampeã em 1990, 1994 e 1998) e os Mundiais de 1988, 1991 e 1995. Também participou dos Jogos Olímpicos de 1996 (Atlanta) e 2000 (Sydney). Em ambos o Brasil ficou em quarto lugar. Roseli foi cortada logo na primeira fase de treinamentos da seleção e admite que teve vontade de parar de jogar futebol ao se ver preterida, enquanto Milene, convocada pela primeira vez, irá permanecer. ?Sou uma das jogadoras mais antigas da seleção e isso não foi levado em conta.? No entanto, não foi só a proteção à mulher de Ronaldo que revoltou Roseli. Ela também reclamou da estrutura oferecida à seleção feminina durante os treinos em Teresópolis. A seleção ficou hospedada fora da Granja Comary. ?Ficamos em um hotel onde a comida era tão ruim que tínhamos de pedir comida fora. As meninas que comiam no hotel passavam mal.? A atacante também criticou os métodos de trabalho do técnico Paulo Gonçalves. ?Eram treinos básicos, para pessoas que estão aprendendo a jogar. Aliás, tem menina lá que não sabe chutar uma bola. A gente não queria fazer, mas eles obrigavam. E tinha dia que o Paulo não queria dar treino porque não queria ficar no frio ou na chuva.? Curiosamente, Milene também fez críticas ao trabalho de Gonçalves, reclamando que o técnico não consegue dar instruções claras, não tem muito diálogo com as jogadoras e que não tem o esquema tático nem o time titular para o Mundial - de 20 de setembro a 11 de outubro - definidos. As críticas de Milene motivaram uma reunião nesta sexta-feira à tarde entre ela e Gonçalves, para ?aparar as arestas?. ?Nos entendemos. Até aqui, procurei trabalhar mais a parte técnica. A partir de agora, vamos fazer um trabalho mais profundo, olhar mais a parte técnica?, explicou o treinador. ?Vamos ver como as coisas ficam a partir de agora?, limitou-se a dizer Milene, atualmente jogando no Rayo Vallecano, da Espanha. Paulo Gonçalves reconheceu que boa parte da polêmica atual da seleção feminina se deve ao fato de ele ter convocado 25 jogadoras para os treinamentos, quando só poderia inscrever 20 no Mundial. Assim, teve de cortar cinco delas. ?Da próxima vez, vou convocar o número exato.? Inicialmente, apenas 18 atletas poderiam disputar o Mundial. Como a Fifa abriu mais duas vagas, Luís Miguel Estevão - irmão do senador cassado Luís Estevão, presidente do Brasiliense, que disputa a Série B do Brasileiro -, ganhou o direito de indicar duas jogadoras. E usou sua ?cota? para manter Milene na seleção. Gonçalves acatou a ?ordem superior?. A seleção brasileira fica em Teresópolis até terça-feira, quando embarca para os Estados Unidos. Neste domingo, faz um amistoso contra uma equipe masculina da cidade. No Mundial, o Brasil está no Grupo B, com Noruega, Coréia do Sul e França. A estréia será dia 20, contra a Coréia.

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