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(Viramundo) Esportes daqui e dali

Rotina doméstica

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Por Antero Greco
Atualização:

A Federação Paulista de Futebol vende o Estadual sob o comando dela como o melhor e de maior nível técnico do Brasil. Alardeia que são generosos os prêmios oferecidos para os participantes e promete muito mais dinheiro para 2017. Trata de dourar o produto – e, como sempre, há quem compre a ideia sem questioná-la. Na prática, a competição não quebra o roteiro sugerido desde sempre; ao contrário, ela se mostra rotineira e previsível. Basta conferir os oito que restaram na corrida pelo título, depois de 15 rodadas e 150 jogos. Na lista, aparecem Corinthians, Santos, Palmeiras e São Paulo. Que novidade! O quarteto tradicional e poderoso avança. Ah, vá! O otimista pode contrapor que no bloco dos sobreviventes estão Audax e Red Bull, agremiações jovens, ao menos com raízes em empresas privadas, sinal de que há espaço para nova modalidade de gestão esportiva. Ao lado delas, figuram São Bento e São Bernardo, com rodagem ampla e como representantes da tradição do Interior. O realista contragolpeia: óbvio que haveria quatro pequenos, por força do número de vagas para a etapa seguinte. Está no regulamento. Entraram como figurantes. Assim se imagina, na teoria. Com duelos únicos, só de ida, a tendência é a de que fiquem pelo caminho, já que enfrentarão os grandes. Nem no emparceiramento houve surpresa ou quebra de hierarquia: grandes de um lado, pequenos de outro. Calma lá, ataca outra vez o empolgado: nem todos os tubarões da bola paulista atuarão como mandantes. O São Paulo jogará como visitante diante do Audax. Verdade. Mas existe a possibilidade de que a partida se dispute no Pacaembu. Qual torcida, em sua opinião, vai comparecer em maior número ao estádio municipal? Aliás, tem o Audax seguidores apaixonados? Em resumo: essa ligeira transgressão é bem ligeira mesmo. Não chama a atenção. Onde se pretende chegar com essa digressão? Em outra constatação sustentada no bendito bom senso: nem o Paulista se salva do lugar-comum em que se meteram os campeonatos domésticos. Entalaram num beco sem saída e dele não escapam, por mais que se recorra a fórmulas estrambóticas. Uma pena, já escrevi a respeito do tema em diversas ocasiões, com risco de repetição. Os torneios locais, de refregas bairristas de longa data, deram origem a grandes rivalidades, torcidas imensas, camisas de peso. Fizeram a glória de muito clube. Hoje, murcham, se esvaziam, sangram sem que se encontre alternativa para reerguê-los. Uma ou outra equipe fora do eixo principal faz barulho, eventualmente chega ao título. Mas se trata de fenômeno, brilho de cometa, que aparece e some num piscar de olhos. Não deixa rastro, não traz desdobramentos, não semeia para crescimento futuro. Depois de espremer, sobram os mandachuvas habituais: santistas, corintianos, palmeirenses, são-paulinos. Cadê graça? Por falar em São Paulo... esse não desgruda do ponto de interrogação que o acompanha há bom tempo. Segue em frente pela distribuição de vagas por chaves. Na classificação geral, ficou em nono, com mesmo número de pontos (22) que a Ponte Preta, mas com menor saldo. Na saideira, a turma tricolor perdeu para o São Bento com futebol insosso que o tem caracterizado. Nem vale como atenuante o fato de Edgardo Bauza dar descanso para titulares por causa de compromisso na Libertadores. O São Paulo é dos times mais sem graça até agora. Não que o Palmeiras tenha sido muito diferente. Chegou à rodada de encerramento no fio da navalha, com ameaça de tombar no meio da estrada. Suou para passar pelo rebaixado Mogi Mirim com vitória por 2 a 1. Na soma, acumulou 24 pontos e perdeu 5 jogos (assim como o São Paulo), ou um terço do total. Muito. Corinthians e Santos nadaram de braçada, cumpriram o papel deles, terminam no topo da tabela e confirmaram a condição de favoritos para o título. Como nos últimos anos. Tá vendo? Nem nisso houve imprevisto.

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