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Salário de Farah é o alvo da CPI

Em depoimento nesta quinta-feira, o dirigente terá de explicar aos senadores por que recebe salários da entidade se a sua função não é remunerada.

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Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Federação Paulista de Futebol, Eduardo José Farah, terá de explicar, em seu depoimento à CPI do Futebol no Senado, marcado para esta quinta-feira, por que recebe salários para presidir a entidade se a função não é remunerada. No depoimento anterior à comissão, ocorrido no início deste ano, Farah garantiu não receber vencimentos para ocupar o cargo. Mas os senadores descobriram repasses para a conta do dirigente de aproximadamente US$ 15 mil, na época em que o câmbio era um real igual a um dólar. Neste novo depoimento, o relator da CPI, Geraldo Althoff (PFL-SC), promete insistir nessa contradição. Outro ponto a ser questionado pelos senadores serão os repasses de dinheiro feitos por Pedro Ives Simon, também funcionário da Federação Paulista, para as contas de Farah. "Nós quebramos os sigilos bancário e fiscal do Pedro, mas a documentação ainda não chegou", declarou o presidente da CPI, senador Álvaro Dias (PDT-PR). Os senadores vão cobrar ainda de Farah se ele parou com a prática de emprestar dinheiro, com juros, para clubes paulistas endividados. A Federação adiantava as cotas de televisão para os times com dificuldades financeiras, mas exigia uma taxa próxima da em vigor no mercado. "A Federação Paulista de Futebol não é um banco", afirmou Álvaro Dias. Troca de comando - Quanto à informação divulgada pelo ministro de Esportes e Turismo, Carlos Melles, de que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, renunciaria ao cargo até dezembro, o presidente da CPI disse que isto não é o bastante para moralizar o futebol brasileiro. Para Álvaro Dias, essa atitude deveria ser compartilhada por toda a diretoria da entidade. Só assim, na visão do parlamentar, poderia haver tranqüilidade para a seleção brasileira se preparar para a Copa do Mundo de 2002. "Essa decisão seria um bem para a saúde do futebol brasileiro", avaliou. A renúncia, contudo, não afastaria as responsabilidades penais contra Ricardo Teixeira, que deverão constar no relatório final da CPI a ser encaminhado ao Ministério Público. "Existem coisas muito sérias contra o presidente da CBF, que ele terá de responder perante a Justiça", avisou Álvaro Dias. O Supremo Tribunal Federal encaminhou na última terça-feira um ofício para os senadores, solicitando a remessa da documentação obtida pela CPI relativa à CBF e ao seu presidente. "É um sinal de que a Justiça está agindo em relação ao futebol brasileiro", acredita o presidente da comissão. Terror - Álvaro Dias disse ainda que os funcionários da CPI estão recebendo ameaças, inclusive de morte, através de telefonemas anônimos. "Uma dessas ligações foi gravada e a fita encaminhada para a Polícia Federal, para ser periciada". O presidente interpreta a atitude como mais um sinal da preocupação dos dirigentes com a proximidade da votação do relatório final, previsto para o início de novembro. Esta data, contudo, de acordo com assessores da própria comissão, deve ser adiada, já que os trabalhos podem ser concluídos até o dia 15 de dezembro.

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