Santos: atletas querem saída de médico

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Por Agencia Estado
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Nos últimos 30 anos, Carlos Braga foi o médico do Santos, exceto no período em que Marco Aurélio Cunha esteve na Vila Belmiro, mas nesta terça-feira ele não agüentou a pressão que vem recebendo de parte da comissão técnica e de alguns jogadores e desabafou: "algumas críticas vêm sendo formuladas desde o início do ano, de que o departamento médico do Santos estava demorando em dar diagnóstico, coisa que não acontecia". Ele tinha reunião programada para a noite desta terça-feira com a diretoria para que toda roupa suja fosse lavada e não descartou a possibilidade de deixar o clube. "Se não conseguir resolver isso, minha saída pode ser a solução". As críticas ao departamento surgiram quando os jogadores começaram a se machucar e houve, segundo alguns, demora na recuperação. Na semana passada, dois incidentes: Braga disse que Fernando Diniz estava recuperado em termos físicos e que havia sido dispensado por conta de forte gripe. No dia seguinte, o jogador comentou que ainda não estava 100% curado de um problema nos quadris. Na sexta-feira, foi a vez de Fábio Baiano. Liberado pelo médico, o jogador comentou que ainda sentia uma lesão muscular e que o médico não era jogador de futebol para saber se continuava ou não com dores. Essa foi a gota d´água e nesta terça-feira o médico reagiu. Segundo ele, já vinha sentindo algo de diferente no ar desde o começo do ano. Não falou, mas Antônio Carlos e Zé Elias, dois jogadores de liderança no elenco, estão em constante tratamento médico e o zagueiro é apontado como um dos líderes do movimento a troca de médico. "Nós estamos sofrendo críticas e não merecemos isso pela atenção que temos dado ao clube em que fomos bi-campeões brasileiros, vice-campeão da Libertadores e nós temos importância nesse processo". Braga admite que ficou preocupado com a crítica de Fábio Baiano, teve uma reunião com ele já no sábado. "Não fui eu quem o levou para jogar no domingo e eu sempre aceitei a dor desse jogador, mesmo achando que os exames clínicos eram normais porque a dor é um artefato subjetivo" Para Braga, o caso era simples: "se o jogador me diz que dói, como vou colocar um jogador desse para jogar se em 20 minutos ele pode sair com dor". Ele disse que tudo isso ficou superado com a conversa de sábado. Assim, o que está o irritando mesmo, na verdade, é atrito de competência com a comissão técnica. "O departamento médico não pode passar por cima do departamento técnico e nem o contrário pode acontecer". Carlos Braga comentou que no ano passado o técnico Vanderlei Luxemburgo queria levar o médico Joaquim Grava como consultor do departamento médico. "Não vejo nada demais em colocar um médico da condição do Grava, do Camanho em nosso departamento". Ele entende que isso até seria bom "para dirimir as dúvidas e dividir as responsabilidades". Quanto a contratação de Joaquim Grava para substituí-lo, não acredita nessa hipótese: "conversei com ele, que jamais aceitaria isso". Braga deixou o CT Rei Pelé irritado na tarde desta terça-feira. Mais tarde, perguntado sobre o caso, o técnico Oswaldo de Oliveira disse que estava sabendo de tudo. "Só que isso é um assunto interno, nós vamos resolver aqui e não vou dizer nada porque nós temos aqui uma família e as coisas de nossa família resolvemos por aqui".

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