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Santos, Palmeiras e a glória: como os rivais chegam à final

Palmeiras tem mais elenco, mas Santos vem praticando futebol melhor e até mais versátil

Por Mauro Cezar Pereira
Atualização:

Em 2019, ao definir a final da Libertadores em jogo único após quase 60 anos apontando o campeão em duas partidas, a Conmebol enfatizou o slogan do certame em seu cotejo decisivo: “A Glória Eterna”. Em busca dela, Palmeiras e Santos vão se enfrentar no Maracanã em 30 de janeiro, revivendo uma peleja valendo o troféu mais importante entre brasileiros, o que não acontece desde a conquista do Internacional sobre o São Paulo, em 2006.

O Palmeiras tem mais elenco, o Santos mais time na acepção da palavra. Os comandados de Cuca vêm praticando um futebol melhor e até mais versátil. No Campeonato Brasileiro, por exemplo, os dois rivais têm praticamente o mesmo porcentual de posse de bola, pouco acima de 50% (o Flamengo, com 58%, lidera tal ranking pelos números do site Who Scored), mas isso não significa que sejam times com propostas de jogo iguais, idênticas.

Mauro Cezar Pereira é colunista doEstado. Foto: Hélvio Romero/Estadão

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Nas semifinais, ninguém jogou mais do que os santistas, superiores ao Boca Juniors na Argentina e muito, muito melhores do que o time xeneize na Vila Belmiro, um domínio tão amplo que surpreendeu, pela facilidade encontrada ao trucidar o sempre temido time de Buenos Aires, algoz de brasileiros em vários momentos na história do torneio, inclusive em decisões, contra os finalistas dessa edição, inclusive. O Santos vai além das expectativas.

Sim, a equipe dirigida por Cuca vai além porque, ao contrário dos demais semifinalistas dessa Libertadores, perdeu jogadores ao invés de contratar reforços, teve presidente afastado, vice assumindo, eleição, problemas diversos relacionados a dívidas, atletas saindo por falta de pagamento, etc. Uma montanha de problemas. Por outro lado, a cobrança em cima do elenco e seu treinador praticamente não existiu nessa caminhada, afinal, como cobrar em tal cenário?

O Palmeiras, por outro lado, não tem os problemas do rival, pelo contrário, paga em dia a todos e teve condições de investir em contratações, a principal delas Rony, que não rendia com Vanderlei Luxemburgo, foi fundamental em momentos relevantes sob o comando de Abel Ferreira. Contudo, o trabalho do técnico português é mais curto, ele chegou depois e teve os problemas relativos a surto de Covid-19 que outros como Cuca também enfrentaram.

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A equipe é eficaz especialmente atuando da forma como jogava o grego PAOK, ex-time do técnico português. Bem organizada defensivamente, contra-atacando e utilizado o recurso da pressão no campo de ofensivo em determinados momentos para roubar a bola e agredir o oponente. Assim construiu os históricos 3 a 0 sobre o River Plate na peleja de ida semifinal, na Argentina. Um repertório ainda curto, mas que pode ser o bastante para erguer a taça.

A partida de volta, no Allianz Parque, foi extremamente preocupante para a torcida palmeirense, pela forma como os comandados de Marcelo Gallardo dominaram o jogo. Uma supremacia espantosa, que não resultou em classificação direta para a decisão por causa das intervenções do VAR. Atenção, isso não significa que a arbitragem de vídeo errou, mas que sem ela, em lances com detalhes tão pequenos, o gol seria validado e o pênalti a favor do River confirmado.

A decisão colocará frente a frente dois times que bem se conhecem, algo que pode pesar, ainda mais em jogo único. O Santos chegará ao Maracanã mais confiante, seguro de si, mas em 2015 também foi assim em outra final, e o Palmeiras conquistou a Copa do Brasil.

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