?Santosmania? gera tumulto em Rio Preto

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Por Agencia Estado
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A "Santosmania" tomou conta de São José do Rio Preto. Os moradores da cidade interiorana estão em polvorosa, ansiosos pela partida de domingo, contra o Vasco, que pode dar o título brasileiro ao time de Vanderlei Luxemburgo. Tanta ansiedade, porém, tem gerado confusão. Nesta quinta-feira, pouco antes de os ingressos se esgotarem, houve tumulto na porta dos estádios do Teixeirão (local da partida) e da Vila Belmiro. Em Rio Preto, a polícia precisou agir até com cassetetes e spray de pimenta para controlar a multidão. Desde a madrugada de quarta-feira, torcedores se concentravam em frente às bilheterias do Teixerão para levar os últimos 1.500 ingressos disponíveis na cidade. A abertura dos guichês estava prevista para às 9h, mas só aconteceu às 10h30, o que causou revolta nos torcedores que esperavam na fila sob sol forte e calor de 35º. Quando as bilheterias foram abertas, mais revolta: só três dos 20 guichês estavam funcionando. Com isso, logo começou o tumulto. Um cordão que a polícia militar havia estendido para delinear a fila logo foi arrebentado. Milhares de pessoas - a PM calculou cinco mil - se jogaram em frente aos guichês tentando desesperadamente comprar um bilhete. O caos durou cerca de 15 minutos, até que chegou o reforço policial, com a tropa de choque e cães da raça pastor alemão. Até então, só 10 policiais tentavam controlar a multidão. A fila logo foi reorganizada, mas de maneira que desagradou a muitas pessoas - na confusão, teve gente que aproveitou para furar a fila e entrar na frente de quem passou a madrugada acampado na porta do estádio. Apesar do conflito com a polícia, ninguém foi preso. "Teve um cara que veio de Minas, viajou 1.300 km pra vir comprar ingresso, não conseguiu e teve que voltar pra cidade dele. Vai ver o jogo pela tevê", contou o torcedor Devair Marchiolli, de 57 anos, que, "por sorte", havia garantido o ingresso na véspera. "Fiquei sabendo que estavam vendendo ingresso num shopping. Fui lá e comprei. Nem peguei fila. Sorte a minha", emendou Devair, que foi até o aeroporto da cidade para recepcionar a delegação santista. "Foi tudo mal organizado e mal divulgado. Ninguém sabia que havia outros postos de venda (eram quatro na região de Rio Preto no total). Por isso, foram todos para o Teixeirão", relatou Pedro Amaral, 20 anos, que é palmeirense, mas tentou comprar ingresso para torcer pelo Santos no domingo e não conseguiu. Teve de se contentar em também ir até ao aeroporto. Assim como Pedro e Devair, perto de 100 pessoas foram ao aeroporto para recepcionar a delegação do Santos, que chegou à cidade às 15h15, num avião bimotor FK 50, da Ocean Air. Mas acabaram se frustrando. A equipe santista não saiu pelo portão de desembarque. Para evitar o contato com a multidão, todos os jogadores saíram pelos fundos, dentro de um ônibus fretado pela diretoria. Sem poder ter contato com os ídolos, os torcedores elegeram como "celebridade" o repórter Mauro Naves, da tevê Globo. Muitos pediram para tirar fotos ao lado dele. Teve até quem pediu autógrafo ao jornalista que, simpático, atendeu a todos numa boa - mas um tanto constrangido, é verdade. Em Rio Preto, o Santos está hospedado no Hotel Michelangelo, um dos preferidos de Luxemburgo no interior paulista. No cinco estrelas, foram reservados 30 quartos ao time santista. Todos os outros quartos já estão ocupados por torcedores fanáticos, ávidos por um contato mais próximo com os jogadores. "Quando o Santos vem jogar aqui, a procura por quartos aumenta bastante", conta Marcos Alonso, funcionário do hotel. "Mas os próprios hóspedes, cientes de que não podem ficar importunando os atletas, procuram não atrapalhar. O convívio acaba sendo saudável entre todos", emenda. As diárias no Michelangelo custam, em média, R$ 220. Todos os jogadores estão em quartos duplos. Só Vanderlei Luxemburgo está num quarto individual. Por recomendação do treinador, só há água no frigobar dos quartos dos atletas. Luxa não gosta de vê-los abusando de refrigerantes e iogurtes. Segundo o funcionário Marcos Alonso, reunião de jogadores no saguão principal do hotel é coisa rara. E apesar de haver ainda um amplo salão de jogos, a maioria dos atletas prefere permanecer reclusa nos quartos. Os mais jovens costumam organizar campeonatos de videogame (o jogo preferido é o Winning Eleven, do Playstation 2). Já os mais velhos passam o tempo com seus computadores portáteis, correspondendo-se com a família por e-mail (os celulares também são evitados, a pedido de Luxemburgo). E quem é o jogador mais simpático? "Todos são muito legais, mas o mais simpático é o Tápia", diz Marcos Alonso, que, depois de duas estadias do Santos no hotel em menos de dois meses, até já se sente amigo do goleiro chileno e de alguns outros atletas.

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