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São Paulo completa dez anos sem ganhar o Campeonato Paulista

Em 2005, Estadual formou base do time que seria campeão mundial

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Por Ciro Campos
Atualização:

As atuações irregulares do São Paulo na temporada 2015 pouco lembram o elenco que já no começo do quarto mês do ano, há exatamente uma década, ganhava um título e iniciava um ano glorioso para o clube. O dia 3 de abril 2005 abriu uma série vitoriosa do Tricolor e significou ainda o último título do Campeonato Paulista que ficou no Morumbi.

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O empate sem gols com o Santos, em Mogi Mirim, garantiu a taça com duas rodadas de antecedência e encerrou um jejum de duas temporadas sem títulos. O Estadual ainda deu confiança ao grupo para buscar as importantes conquistas da Libertadores e do Mundial, no mesmo ano.

Desde aquela edição do Estadual, que foi disputada em pontos corridos, o São Paulo nunca mais garantiu a supremacia no torneio regional. No ano seguinte foi vice, em competição disputada sob o mesmo regulamento, e desde 2007 tem sido eliminado no mata-mata. Foram sete derrotas seguidas em semifinais, até a queda em 2014 para o Penapolense, em pleno Morumbi, pelas quartas de final.

Se o clima atual no time do técnico Muricy Ramalho é de desconfiança, o ambiente era o mesmo no começo da temporada de 2005. Emerson Leão havia assumido o cargo de treinador em setembro, na vaga de Cuca, e teve de trabalhar para resgatar a autoconfiança dos jogadores. "O São Paulo estava desacreditado. Procuramos melhorar o ambiente, valorizar peças individuais e algumas que estavam esquecidas. Isso levou ao resultado no Paulista e também à sequência dos demais torneios", contou.

Leão deixou o cargo no fim de abril, quando aceitou uma proposta do futebol japonês, mas escalou no Estadual a mesma base responsável pela conquista da Libertadores e do Mundial. O técnico disse que procurou reabilitar jogadores em que apostava no potencial, como o lateral-esquerdo Junior e os atacantes Grafite, Diego Tardelli e Luizão.

Junior havia chegado ao São Paulo em 2004 e demorou para ter boas atuações. Luizão tentava se recuperar de uma cirurgia no joelho e ganhou chance como titular ao lado de Grafite, que vinha sendo criticado pela torcida. Tardelli, então com 20 anos, era o suplente na posição e lutava para superar problemas disciplinares.

Aos poucos a equipe começou a engrenar e passou as 15 primeiras rodadas sem perder, com direito a vitórias sobre Corinthians e Palmeiras e goleadas sobre a Portuguesa Santista (5 a 0) e Marília (6 a 0). "Com a qualidade que tinha, sabia que o São Paulo podia crescer bastante na temporada. Era questão de saber formar o ambiente e isso foi feito naturalmente, sem a gente perceber", contou Leão, que em maio deu lugar a Paulo Autuori.

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O Campeonato Paulista serviu para ajustar peças novas como os volantes Josué e Mineiro, peças fundamentais para a temporada. O torneio ainda firmou entre os titulares o zagueiro Lugano e deu chances a algumas revelações das categorias de base, como Fábio Santos (atualmente no Corinthians), Edcarlos (agora no Atlético-MG) e Renan Teixeira (do São Bento).

"O título ajudou a tirar a tirar a pressão do elenco e nos deu muita confiança para a Libertadores. Mesmo com a troca de técnico, vimos que dava para lutar por mais títulos, porque a equipe era consistente. O elenco tinha uma mescla de idade e os mais experientes nos orientavam", contou o volante Renan, na época com 20 anos.

A liderança folgada do time sofreu um baque com a derrota para a Portuguesa, mas propiciou a chance de garantir o título já na rodada seguinte. Diante do Santos, como visitante, bastava um empate para ser campeão. A diretoria do clube da Vila Belmiro decidiu transferir o jogo para Mogi Mirim para impedir que o rival pudesse comemorar a conquista em seu estádio.

O empate em 0 a 0 foi o suficiente para a comemoração. Desde então o São Paulo nunca mais ergueu a taça do Campeonato Paulista. Dos grandes do futebol estadual, o Tricolor é o que está há mais tempo sem a conquista.

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