A viagem de 180 são-paulinos para acompanhar o time em Tóquio, na estréia no Mundial de Clubes da Fifa contra o Al Ittihad, quase virou pesadelo. Todos deveriam sair do Aeroporto de Cumbica às 22h50 de domingo pelo vôo 91 da Air Canada, com conexão em Toronto e chegada no Japão, nesta terça de manhã pelo horário de Brasília. Depois de muita confusão, alguns só conseguiram embarcar após 18 horas de hoje. Outros, sequer sabiam se valeria a pena tentar a viagem, pois corriam risco de não chegar a tempo de ver a partida. Os torcedores ficaram revoltados com o descaso da companhia aérea que, na opinião deles, foi negligente. "Fizemos o check-in para o vôo das 22h50 e disseram que uma peça do avião tinha defeito e iríamos atrasar 25 minutos. Depois de três horas dentro do avião é que disseram que não poderíamos decolar", explica o agente de viagens Felipe Parente, que conseguiu encaixar outros 23 passageiros em um avião da Lufthansa com conexão em Frankfurt (Alemanha). A maioria deles estava há mais de 24 horas sem dormir. Todos foram mandados para um hotel, durante a madrugada, e mais tarde, receberam a informação de que embarcariam às 14h45. "Fizemos mais um check-in ao meio-dia e, já na sala de embarque, disseram que a tripulação se negava a voar. Ficamos em uma situação próxima da agressão física", explicou o advogado Renato Guimarães Júnior. A maioria dos passageiros compraram pacotes turísticos para acompanhar o São Paulo no Japão - alguns eram integrantes da organizada Dragões da Real. Nenhum deles, entretanto, gastou menos de US$ 3 mil para realizar o sonho de ver o time tricampeão mundial. Uma comissão de passageiros foi formada para a negociação. Até a Polícia Federal, que não tem jurisdição sobre o caso, entrou na história. Um delegado do aeroporto tentou intermediar as negociações entre a companhia aérea e passageiros. Durante a tarde, a empresa começou a tentar encaixar os passageiros em outros vôos. De acordo com a assessoria de imprensa da Air Canada, todos os esforços da companhia ficaram direcionados aos são-paulinos, para que eles não perdessem o jogo de quarta-feira de manhã no Brasil (19 horas no Japão). A empresa, entretanto, não informou quantos passageiros tinham no vôo 91. Muitos, entretanto, conseguiram vagas por esforço próprio ou com a ajuda de agentes de viagens em empresas como a TAP Portugal, British Airways e Swiss Air. "O que eles precisavam entender é que isso não é uma viagem de turismo", reclamou o administrador de empresas Maurício Matalon. "Estamos indo ver o nosso time". IRMÃO DE AMOROSO - A semelhança de fisionomia entregava quando Rogério Amoroso dos Santos, 25 anos, confirmava: sim, o irmão do atacante Amoroso, do São Paulo, também era um dos passageiros que tentavam chegar em Tóquio pelo vôo da Air Canada. Ele garante que o irmão não sabia do sufoco passado na estada forçada de mais de 24 horas no Aeroporto de Cumbica. "Até avisei o meu pai que, se ele ligasse em casa, não era para dizer dessa confusão toda. Não quero deixá-lo preocupado", disse. Rogério diz que é muito ligado a Amoroso e o acompanhou por todos os países por onde o irmão jogou. "Estive na Itália, na Alemanha e na Espanha, indo com ele para todos os lugares. Mas nenhuma viagem foi tão complicada como essa", brinca, depois de ter garantido lugar no vôo da Swiss Air, com conexão em Zurique.