Fazer um narrador argentino gritar gol do São Paulo na Argentina, pela primeira vez na história da Taça Libertadores, é uma das missões que os jogadores brasileiros esperam cumprir nesta quarta-feira, no duelo com o Quilmes, em Buenos Aires. Os paulistas jamais marcaram em terras argentinas pela competição. Até hoje, foram 7 derrotas longe do Morumbi, com 10 gols contra e, repetindo, nenhum a favor. A partida será às 21h45, no Estádio Centenário, com transmissão da Globo. Retrospecto contra, tabus, mitos preocupam os são-paulinos. A hegemonia no ano - 11 vitórias e 3 empates - está ameaçada. Mas nada assusta o técnico Emerson Leão. Ao contrário, lhe traz motivação. Desde sua chegada ao Morumbi, em setembro do ano passado - substituiu Cuca - o treinador foi, jogo a jogo, fortalecendo a sua equipe emocionalmente. Enumerando, foge do controle. O São Paulo sofria muitos gols nos minutos finais? Sim, hoje, quase não leva gols, ainda mais quando a partida está por terminar. Vencer fora do Morumbi era fato raro? Era, agora é um incômodo visitante. Marcava poucos gols? Em relação à atual fase, com certeza, pois em 2005 tem média de 2,83 no Paulista e 3,5 na Libertadores. Com Leão, a apatia não existe no São Paulo. A garra e forte pegada tornaram-se marca da equipe. O futebol vistoso também. E o prêmio por tanto trabalho está perto de ser compensado, com o título paulista. "Não penso nestas coisas, não sabia das marcas até elas serem acabadas. Mas credito tudo aos jogadores, sou terceirizado e só induzo para que aconteçam", afirma um modesto treinador. Se Leão é vencedor no Brasil, na Argentina, então..."Podem brigar, mas jamais me tiraram título lá. Ganhamos do Lanús e do Rosario Central (títulos da Copa Conmebol, por Atlético-MG e Santos, respectivamente, em 1997 e 1998, nos quais sofreu muito com a violência rival)." E se depender do sentimento que Leão tem por argentinos (antipatia declarada), o Quilmes que se cuide. "Não tenho prazer, mas também não acho empecilho encará-los. Vamos ser agressivos, sem descuidar da marcação e nada de ser sparring." E a catimba, a vilolência? "Não pensamos em bater, nem em apanhar, apenas em jogar futebol. E se o clima (de guerra) se estabelecer, o árbitro (Oscar Ruiz) calejado e experiente vai coibir a violência." Mesmo assim, o treinador manda um recado, fazendo alusão ao confronto de volta, no Morumbi. "Vento que venta lá, venta cá. Não vou estimular nada, se eles jogarem futebol, vamos jogar."