O São Paulo resolveu assumir a briga com o empresário de Kaká, Wagner Ribeiro. Além de criticá-lo publicamente, anunciou que não lhe pagará comissão pela venda do meia para o Milan. "Não vou dar a ele nem um centavo", afirmou o presidente Marcelo Portugal Gouvêa. Embora os clubes não tenham obrigação por lei de dar parte do dinheiro aos empresários, é usual recompensá-los pela intermediação da negociação. Ribeiro não quer polemizar, mas vai pleitear, com os dirigentes, sua comissão de 8% a 10% do valor total da transação. "Prefiro esperar para ver o desfecho." Gouvêa espera, para amanhã ou para os próximos dias, receber a nova proposta do Milan, que, segundo os italianos, chegará a cerca de US$ 11 milhões. Ele aguarda contato do ex-jogador Leonardo, dirigente do Milan, que está no Brasil, para acabar com a novela e liberar o atleta. Caso a oferta se confirme, Ribeiro, de acordo com o que se costuma pagar a procuradores, terá direito de lutar por aproximadamente US$ 1 milhão, percentual semelhante ao que recebeu, por exemplo, pela venda do atacante França para o Bayer Leverkusen. "A diretoria (na ocasião presidida por Paulo Amaral) me pagou direitinho." O empresário foi quem iniciou o relacionamento entre Milan e São Paulo, após viagem para a Itália, no mês passado, e, por isso, se considera intermediário do negócio. Os são-paulinos, porém, não concordam. "Não dei autorização para que ele falasse em nome do São Paulo lá na Itália. Para mim, a negociação só começou quando o Leonardo me fez a proposta, não houve intermediários", argumentou Gouvêa. Certo é que Kaká ficará com 15% do dinheiro por cláusula contratual. A cúpula do clube revoltou-se contra Ribeiro por entender que ele estava oferecendo o meia de forma deselegante, forçando sua saída e desvalorizando-o. A família de Kaká, que tem bom relacionamento com ambos os lados, se preocupa com a briga, mas prefere não se envolver. O pai do jogador, Bosco Leite, espera que o fim da novela ocorra o mais rápido possível. Seus familiares ainda não decidiram quem acompanhará o jovem astro na Itália, se Bosco ou a mãe, Simone. "Um de nós terá de ficar com o Rodrigo (filho mais novo)", conta Bosco. A Adidas, que patrocina Kaká e hoje promoveu lançamento de nova campanha publicitária no Brasil, admitiu, segundo a agência Ansa, ajudar o Milan na contratação do são-paulino. "Se eu sair do São Paulo, não será um tchau, mas um até breve. Há dois ou três anos, acho que não estaria pronto para sair, mas agora sim."