Ao contrário do que aconteceu com Kaká, a diretoria do São Paulo tentará preservar Diego da superexposição. O medo é que se repita a enorme expectativa e, por conseqüência, a pressão sobre um jovem jogador. O nítido desgaste psicológico que domina Kaká, que o obriga a jogar bem sempre, prejudica o jogador não só no clube como também na Seleção Sub-23, que disputa a Copa Ouro. "A diretoria já falou comigo para não ficar dando entrevista a toda hora. Estou sendo orientado e aceito os conselhos de todos. Sou jovem e acabei de chegar ao time profissional. É lógico que existe a vontade de estar na televisão, falar para o rádio, jornal. Mas já entendi que preciso me segurar", revela Diego. As entrevistas serão limitadas. O trabalho com o jogador irá além. Tudo que não deu certo com Kaká servirá de parâmetro. Além da mídia, o lado físico também receberá atenção. Não se repetirá o método de fortalecimento feito com o meia, que graças à musculação e suplementos vitamínicos ganhou 11 quilos em um ano e meio. Com o Super Kaká, como o departamento de marketing do clube comemorou de forma precipitada, o resultado foi péssimo. O excesso de músculos fez com que perdesse mobilidade e tivesse contusões sucessivas. Seu futebol caiu e o interesse de clubes europeus desapareceu - o que foi horrível para a diretoria, que acumula dívidas superiores a R$ 50 milhões e sonhava com os dólares que viriam da venda de Kaká. Tanto deu errado que o preparador Carlinhos Neves espera o meia retornar da Copa Ouro para lapidar o atleta, diminuir seu peso e tentar recuperar a agilidade de dois anos atrás. "Já conversamos e não ganharei massa, não. Farei só fortalecimento nas pernas. Sou atacante e preciso de explosão muscular na hora de correr atrás de um lançamento ou me antecipar aos zagueiros. E está bom demais", diz Diego. O clube também está tratando de assuntos da vida particular do atacante que surgiu no profissional há duas semanas. "Já estou vendo documentos da minha avó, que é descendente de italianos, para ver se consigo tirar o passaporte da Comunidade Européia. Os dirigentes do São Paulo e o meu empresário Luís Taveira estão correndo com os papéis. Se conseguir provar que tenho família italiana, minha vida ficará mais fácil como jogador. As minhas chances de ser vendido para a Europa crescem demais." Diego também trata de conseguir a liberação do Exército e a sonhada carta de motorista. "Conversei com diretores e eles também estão acertando a minha situação com as Forças Armadas para receber minha carteira de reservista", diz. Com o excesso de contingente e o fim da ditadura, ficou mais fácil a liberação dos jogadores do Exército - bem ao contrário do que acontecia na década de 60, quando até Pelé teve de ir para o quartel. A licença para dirigir também é uma questão de dias. Diego já negocia com os dirigentes o aumento do atual salário de R$ 1.200. Mas não sonha com um modelo luxuoso de carro. Continuará, por enquanto, com o popular da família. "Primeiro quero dar uma casa para a minha mãe e para a minha avó. Depois vou pensar em mim. Fui muito aconselhado pelo técnico Cilinho quando jogava nos aspirantes. Minha cabeça está no lugar. Não vou me deixar levar pela empolgação, não."