A volta para casa da seleção brasileira, quase um ano depois do fracasso na Copa do Mundo, foi promissora. A equipe não jogou futebol de encher os olhos, mesmo porque o grande sinônimo de talento, Neymar, não estava em campo. Mas nos 2 a 0 sobre o México, neste domingo, no Allianz Parque, o time mostrou aplicação tática, determinação e não se descontrolou nos momentos em que não conseguia ser eficiente em campo.
Como recompensa, teve o apoio e o aplauso da torcida paulista, normalmente supercrítica à seleção. Apenas Elias, corintiano em casa de palmeirense, foi fortemente vaiado. E Dunga, antes do jogo, dividiu opiniões.
É cedo para tirar conclusões. Mas uma, já esperada, aliás, ficou clara. Sem o talento de Neymar e suas eficientes jogadas individuais, a equipe tem extrema dificuldade para imprimir bom ritmo quando o adversário marca forte e reduz os espaços.
A seleção começou mostrando-se compacta em campo, como quer Dunga, e procurando jogar em velocidade. Até aí, tudo bem, em termos de concepção. O problema é que, com três volantes - sem Neymar, o treinador optou por escalar Fred, junto com Fernandinho e Elias -, diante de um adversário com três zagueiros e dois volantes, o time não tinha espaço.
A consequência é que tocava a bola sem objetividade. Individualmente, Fred, com mais liberdade de avançar, e Willian, estavam relativamente bem. Deslocavam-se bastante, buscando espaço. Mas a bola não chegava a Diego Tardelli, que voltava para buscá-la.
Ou seja, o time não andava. Isso começou a irritar a torcida. Aos 26 minutos, num lance em que a bola demorou a sair da defesa, veio a primeira vaia, acompanhada pelo coro caseiro, “olê, porco’’. Mas quase imediatamente, o Brasil fez 1 a 0, num lance em que brilhou o talento de Phillippe Coutinho.
Ele recebeu de Filipe Luis, deu belo drible de corpo no zagueiro e bateu quase sem ângulo. A torcida vibrou, parte dela cantou “vamos ganhar, porco!’’ e o apoiou voltou.
Mesmo porque, o México passou a dar o espaço que a seleção tanto queria. Com isso, passaram a sair jogadas em velocidade e até triangulações, como a que resultou no segundo gol, 9 minutos depois do primeiro. Foi um lance em que a bola foi de pé em pé, passando por Willian, Filipe Luis e Elias, que deixou Tardelli livre para marcar.
Na etapa final o ritmo caiu. A seleção recuou, tentando atrair o México para explorar os contra-ataques. Mas nas vezes em que chegou à área adversária, a maioria foi em jogadas construídas a partir da posse de bola - e quase sempre pelo lado direito.
Com alguns jogadores cansados, Dunga fez substituições e testou alternativas, como Firmino mais presente na área no lugar de Tardelli. Mas ainda é preciso aprimorar muita coisa para a Copa América. E sobretudo, é preciso ter Neymar.
FICHA TÉCNICA
BRASIL 2 X 0 MÉXICO
BRASIL - Jefferson; Danilo (Fabinho), Miranda, David Luiz e Filipe Luis; Fernandinho, Elias (Casemiro), Fred (Felipe Anderson), Philippe Coutinho (Everton Ribeiro) e Willian (Douglas Costa); Diego Tardelli (Roberto Firmino). Técnico: Dunga.
MÉXICO - Corona; Corral (Flores), Ayala (Salcedo), Rafa Márquez e Domínguez; Aldrete, Osuna (Fabián), Güemez (Juan Medina) e Jesus Corona (Luis Montes); Raúl Jiménez (Vuoso) e Eduardo Herrera. Técnico: Miguel Herrera.
GOLS - Philippe Coutinho, aos 27, e Diego Tardelli, aos 36 minutos do primeiro tempo.
ÁRBITRO - Júlio César Quintana Rodríguez (Fifa/Paraguai).
CARTÕES AMARELOS - Güemez, Corral, Rafa Márquez (México).
RENDA - R$ 6.737.030,00.
PÚBLICO - 34.659 pagantes.
LOCAL - Estádio Allianz Parque, em São Paulo (SP).