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Seleção feminina dos EUA supera mais um dos obstáculos na luta pela igualdade salarial

Juiz aprova acordo entre a federação americana de futebol e a seleção feminina em sua disputa sobre as condições de trabalho, permitindo que as jogadoras retomem sua batalha legal pela remuneração igual a da equipe masculina

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Por Andrew Das
Atualização:

Um juiz federal aprovou um acordo parcial na longa disputa sobre a igualdade salarial entre a Federação de Futebol dos Estados Unidos, a U.S. Soccer, e a seleção feminina vencedora da Copa do Mundo, mas a luta das jogadoras com a federação está longe do fim.

A decisão do juiz R. Gary Klausner, do Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Central da Califórnia, aprovou um acordo em relação às condições de trabalho que as partes envolvidas haviam alcançado no ano passado. Quando ele rejeitou os principais argumentos das jogadoras a respeito da igualdade de salários em maio passado, Klausner permitiu que elas continuassem com suas reivindicações quanto às condições desiguais de trabalho em áreas como voos de equipes, hotéis, escolha de espaços e amparo aos funcionários.

Megan Rapinoe, capitã da seleção norte-americana e principal estrela do time Foto: Benoit Tessier/Reuters

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Antes que elas pudessem recorrer da derrota sobre a igualdade salarial, as jogadoras precisavam resolver essas questões. Segundo as jogadoras, com esse acordo agora em vigor, elas retornarão ao cerne de sua luta legal: um recurso da decisão de Klausner que rejeitou suas demandas por pagamento igual ao que a equipe masculina recebe. “Agora que isso ficou para trás, pretendemos apelar da decisão do tribunal por igualdade salarial, que não leva em consideração o fato de as jogadoras terem recebido salários menores do que os homens que fazem o mesmo trabalho”, disse a porta-voz das jogadoras, Molly Levinson.

As jogadoras processaram a federação em março de 2019, alegando que haviam sido submetidas a anos de tratamento e remuneração desiguais. Vinte e oito integrantes da equipe entraram com o processo inicial, que mais tarde cresceu para incluir, em uma escala mais ampla, qualquer uma das jogadoras que fizeram parte da seleção feminina desde 2015. Elas chamaram a atenção para a disputa pela igualdade de salários durante anos - por meio de protestos em campo, entrevistas e campanhas nas redes sociais - enquanto acumulavam vitórias e duas Copas do Mundo em campo.

Então Klausner rejeitou as solicitações em um único parágrafo devastador em maio de 2020. Naquela decisão, Klausner determinou que não apenas a U.S. Soccer não tinha pago às jogadoras menos do que à seleção masculina, mas também que ele estava convencido de que “a equipe feminina recebeu mais tanto cumulativamente quanto na média por jogo" do que a equipe masculina durante os anos em questão no processo.

Não está claro quanto tempo pode levar um recurso de sua decisão, ou mesmo se isso será decidido em um tribunal ou na mesa de negociações. O acordo coletivo de trabalho da equipe feminina expira no final de dezembro. Apesar das mulheres terem alcançado vitórias significativas em seu contrato atual, a maior discrepância na remuneração entre os jogadores das equipes masculinas e femininas continua sendo os bônus da Copa do Mundo pagos pela Fifa. O conjunto de bônus na última Copa do Mundo masculina foi de US$ 400 milhões, enquanto para a feminina, realizada um ano depois, foi de US$ 30 milhões.

Embora tenha dito que não tem controle sobre esses pagamentos, a U.S. Soccer se ofereceu novamente para buscar um acordo negociado que pode encerrar uma briga legal que prejudicou tanto o lado financeiro quanto o emocional, e que forçou os fãs de ambas as seleções dos EUA a tomarem partido.

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“Esperávamos que a seleção feminina apelasse da decisão sumária que determinou que a U.S. Soccer tem pago à equipe feminina uma remuneração justa e equitativa”, disse a federação em um comunicado. “Continuamos esperançosos de que possamos chegar a uma resolução fora do sistema judicial.” / TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

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