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Sem dinheiro, Ponte agoniza na lanterna

A derrota para o São Paulo ampliou ainda mais a crise no time de Campinas, agora em último na classificação e sério candidato ao rebaixamento.

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Por Agencia Estado
Atualização:

Abel Braga tomou uma decisão que surpreendeu e irritou os dirigentes da Ponte Preta. O técnico antecipou a concentração de oito juniores para a partida de ontem contra o São Paulo. Motivo: ?Tinha de garantir o café da manhã, almoço e jantar deles. Se eu deixasse, não comeriam direito por falta de dinheiro. E eles teriam de estar bem fisicamente para tentar salvar o clube. A situação da Ponte, que já é ruim, viraria uma desgraça com o rebaixamento?, lembra Abel. A falta de dinheiro na Ponte Preta é assustadora. Lembra um roteiro de filme de horror. ?Nossas rendas e o repasse do dinheiro da transmissão dos jogos pela televisão estão embargados pela Justiça. Sofremos várias ações de atletas de nos abandonaram por falta de pagamento e esse dinheiro é desviado para eles?, revela o gerente de Futebol, o ex-jogador Ronaldão. Foram nada menos do que 21 atletas que deixaram a Ponte Preta durante a temporada 2003 ? oito por falta de pagamento. O clube campineiro dividiu os atrasos. O pago na carteira de trabalho ? 30% do valor ? está atrasado em média três meses. E o que deveria ser pago pelo direito de imagem ? 70% do valor ? acumula em média cinco meses de atraso. ?Eu não recebo nada há cinco meses. Estou ?queimando? a minha reserva. Fiquei desesperado. Fui ameaçado de despejo. Iam me expulsar do meu apartamento por falta de pagamento. É uma vergonha para mim, para minha mulher e para meus filhos?, destaca um revoltado Luizinho Viera. ?Quem deve pagar o aluguel é a Ponte. Está no contrato. Fiquei sem vir um dia e disseram que era mais um a abandonar o barco.? Luizinho voltou a treinar porque houve a promessa de que o aluguel seria pago. A Ponte Preta tem um déficit extra-oficial que ultrapassa R$ 8 milhões. A dívida foi crescendo assim que o presidente e empresário Sérgio Carnielli avisou que pararia de colocar dinheiro de suas empresas para tapar os rombos do clube. ?A bola de neve teve origem com o corte significativo da cota da Ponte no Brasileiro pelo Clube dos 13. Foi reduzida em 2003 de R$ 500 mil mensais para R$ 280 mil. O clube tentou se rebelar contra a diminuição por causa dos poucos jogos mostrados pela tevê, mas não teve êxito nem apoio de ninguém. A Ponte já trazia dívidas do ano passado. Elas se multiplicaram e começaram as ações dos atletas na Justiça. ?Está um horror?, assume Ronaldão. Outro fator que está trabalhando contra a Ponte é que empresários secaram a eterna fonte de revelação de jogadores. Eles assolam toda a região de Campinas. Qualquer juvenil que aparece com talento no clube já tem empresário e procurador. O clube passou a ter menor parte nos direitos federativos dos jovens atletas. ?Por tudo o que está ocorrendo, a Ponte Preta não está podendo ser profissional como deveria. A saída será vender todo jogador de talento que possui antes de começar a temporada 2004. E botar em campo juniores com salários de acordo com o nosso potencial, que agora é muito baixo?, diz Ronaldão, que fará em janeiro um estágio como dirigente no Milan e não tem certeza se continuará a sofrer tanto pela Ponte em 2004.

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