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Sem relaxar, São Paulo vai ao Maracanã pegar o Flamengo

'O campeonato entrou em uma fase em que todos os timesbrigam por alguma coisa', alertou Muricy Ramalho

Por Alfredo Luiz Filho
Atualização:

É proibido relaxar. Essa é a ordem no São Paulo para encarar o Flamengo nesta quinta-feira, às 20h30, no Maracanã. Com 63 pontos, o líder do Campeonato Brasileiro caminha a passos largos rumo ao título, mas ninguém pelos lados do Morumbi quer saber de tirar o pé do acelerador nem de entrar no clima de festa que domina os torcedores.   "É permitido falar apenas do próximo adversário, o Flamengo. E assim vai ser até o fim. Não tem nada definido, não tem nada que comemorar. Só temos de continuar pensando jogo a jogo", reforça o técnico Muricy Ramalho, que não quer ver nenhum de seus comandados sair da linha.   Apesar de o time carioca não andar lá muito bem das pernas na competição, impõe respeito. Primeiro por ter ‘roubado’ dois pontos do São Paulo no primeiro turno, dentro do Morumbi - empate por 0 a 0. E segundo por ter perdido apenas um jogo no Maracanã: logo na primeira rodada, para o Palmeiras (4 a 2). Vale lembrar também que o Flamengo não tomou conhecimento do único concorrente são-paulino na briga pelo título. Passou fácil pelo Cruzeiro por 3 a 1.   "O campeonato entrou em uma fase em que todos os times estão brigando por alguma coisa. Uns pela Libertadores, outros pela Sul-Americana e outros para fugir do rebaixamento. Por isso, será guerra para todos, não só para nós", lembra o chefe, que, por isso, não dá refresco aos titulares. "Estamos numa fase em que os todos estão desgastados, mas não podemos poupar ninguém", resigna-se Muricy. "Por isso, não contratamos apenas jogadores, mas homens, que não reclamam de trabalhar."   Depois do que aconteceu no último domingo, quando virou para cima do Internacional (2 a 1), em pleno Beira Rio, confiança é o que não falta ao São Paulo. Nem mesmo o cansaço pela maratona de jogos parece ser capaz de brecar o líder do Brasileirão. E a campanha como visitante é cada vez mais imponente: em 14 jogos, nove vitórias - a única derrota foi para o Náutico, lá na segunda rodada. E mais: se vencer nesta quinta, o time de Muricy iguala a maior série invicta da história do São Paulo no Campeonato Brasileiro: 17 jogos, alcançada no Nacional de 1973.   O Flamengo já está bem estudado. Muricy Ramalho evita falar muito mas sabe que a força dos cariocas vem das laterais, com Juan e Leonardo Moura. "A torcida vai incentivar, vai tentar empolgar ainda mais o Flamengo, mas se segurarmos algum tempo, a torcida vai ficar impaciente, vai passar a cobrar e isso pode desestabilizar. Eu sei disso porque já joguei lá", avisa o zagueiro André Dias, que será o substituto de Miranda, suspenso. "A paciência não dura mais do que 25 minutos", emenda.   Além de "cozinhar" o adversário, o zagueiro sabe de outro ponto em que o São Paulo pode tirar vantagem. "O Souza é um atacante rápido, habilidoso, que cabeceia bem, mas também é ‘estourado’. A gente sabe que a qualquer momento ele pode acabar expulso", avisa André Dias.   Além da mudança na defesa, o meio-de-campo também terá um desfalque: Hernanes, suspenso, dá lugar a Zé Luís. A situação do Souza são-paulino é uma incógnita. Muricy não disse nem se o jogador viajaria para o Rio. A contusão no tornozelo esquerdo deixou o camisa 10 de molho, na fisioterapia. Sem ele, o esquema deverá ser alterado para o 4-4-2, com a entrada de Jadilson.   Outro problema que incomoda é o excesso de jogadores ‘pendurados’: Rogério Ceni, Richarlyson, Jorge Wagner, Dagoberto e Leandro, entre os prováveis titulares desta quinta, além do reserva Diego Tardelli.   Flamengo   O discurso se repetiu à exaustão quarta-feira na Gávea. Quem quiser vencer o São Paulo não pode falhar nos lances de bola parada. Este é ponto central da preparação do Flamengo para o confronto contra o líder do Campeonato Brasileiro.   Para isso, o técnico Joel Santana estuda vídeos dos jogos do São Paulo com os atletas. "Estamos assistindo a várias partidas do São Paulo para tentar descobrir suas falhas e explorá-las. Analisamos principalmente as jogadas de bola parada", confessou o zagueiro Fábio Luciano. "Este confronto realmente será especial. Além de enfrentarmos os líderes, teremos apoio maciço da torcida. É daquelas partidas que todos querem participar."   O Flamengo não perde no Maracanã desde a abertura do campeonato (4 a 2 para o Palmeiras) e para manter o bom desempenho no estádio Joel só será obrigado a fazer uma mudança em relação ao time que derrotou o Atlético-MG, na última rodada. Ibson, recuperado de contusão, entra no lugar de Toró, suspenso. O meia Roger, a figura polêmica do momento na Gávea, participou nesta quarta do recreativo normalmente e está relacionado para o clássico. Ele fica no banco. Flamengo Bruno; Leonardo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Juan; Rômulo, Jailton, Cristian e Ibson; Maxi e Souza Técnico: Joel Santana São Paulo Rogério Ceni; Alex Silva, Breno, André Dias e Richarlyson; Zé Luiz, Leandro, Jorge Wagner e Jadilson (Souza); Dagoberto e Borges (Aloísio) Técnico: Muricy Ramalho Árbitro: Carlos Eugênio Simon (RS - Fifa) Estádio: Maracanã Horário: 20h30 Rádio: Eldorado/ESPN - AM700 TV: SporTV   O treinador não quis se aprofundar em analises táticas, mas cutucou o Botafogo, sem citar seu nome, quando perguntado se o Flamengo deveria ir para cima do São Paulo. "Tem um time aí que todo mundo decantou por seu futebol ofensivo e viu-se no que deu."   O clima de descontração só foi abalado quando Fábio Luciano foi questionado sobre os atrasos de salário. Um jornal carioca noticiou que os jogadores se reuniram para exigir o pagamento dos atrasados. "As pessoas publicam as coisas sem saber. Querem criar uma situação que não existe. A gente discutiu sobre o jogo e o campeonato. Ninguém aqui está preocupado com salários atrasados. Temos confiança nos dirigentes, que são pessoas sérias. Isso é o mais importante. Estamos concentrados para o jogo e nada mais", comentou o zagueiro.   Para Joel Santana, porém, atrasos de salário prejudicam o desempenho de qualquer time. "É claro que isso atrapalha, tira o foco. É assim em qualquer clube e não seria diferente aqui no Flamengo", disse incisivo, sem se esquivar do assunto. Mais um ingrediente a apimentar o clássico.

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