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Serginho sabia do problema e ia parar

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Por Agencia Estado
Atualização:

O coração de Serginho já havia dado sinais de fragilidade antes da tragédia da noite desta quarta-feira. Tanto que havia dito a companheiros que encerraria no fim do ano a carreira de jogador de futebol. A preocupação, portanto, estava no ar. Logo após o zagueiro tombar no gramado do Morumbi, o goleiro do São Caetano, Silvio Luiz, correu, desesperado, para tentar socorrê-lo. Mais tarde, em meio à reza e ao choro dos jogadores do time do ABC e do São Paulo, contou emocionado que seus problemas cardíacos já eram conhecidos do grupo. ?Sabíamos deste problema, mas o risco era de apenas 1%?, revelou o goleiro, desesperado. Para continuar atuando, Serginho teria até assinado um termo de responsabilidade, informação, no entanto, desmentida pelo presidente do clube, Nairo Ferreira de Souza. ?O Serginho não tinha nada, estava apto para jogar?, garantiu o dirigente. Sua irritação estendeu-se a Silvio Luiz, que foi quem primeiro revelou que o jogador já vinha sendo tratado do coração. ?Silvio Luiz não é médico, é goleiro.? O supervisor de Futebol do clube, Carlos Eiki, por sua vez, confirmou ao Estado, minutos antes da divulgação do falecimento, que ?uma deficiência? cardíaca foi constatada nos exames periódicos feitos no clube. ?Só não podíamos imaginar que isso pudesse ocorrer?, declarou. CARREIRA - Natural de Vitória, do Espírito Santo, Paulo Sérgio de Oliveira Silva, 30 anos completados no último dia 19, deixou um filho de 3 anos e a esposa Elaine, que chegou ao Hospital São Luiz minutos depois da confirmação de seu falecimento. Depois de iniciar carreira no Patrocinense, em 1995, passou pelo Social e Democrata, três clubes mineiros. Em 1996 esteve no Mogi Mirim. Depois, Ipatinga, Araçatuba e, por fim, o São Caetano. Até os 14 minutos do confronto desta quarta-feira, se impunha pelo excesso de saúde: 1,82 m, 83 quilos. Seu último gol ocorreu no início da Copa Sul-Americana, curiosamente contra o mesmo adversário desta quarta, o São Paulo. Os atacantes não tinham sossego com ele. Dentro de campo, incansável. Fora, polêmico. No Campeonato Paulista deste ano, acusou o então atacante são-paulino Luís Fabiano de ser violento demais. A declaração foi dada logo após a partida nas quartas-de-final em que o São Caetano, que ficaria com o título, eliminou o São Paulo. ?Só disse que ele é um dos jogadores mais violentos do Brasil?, afirmou na ocasião. No Brasileiro de 2003, duas confusões. Primeiro comprou briga quando o companheiro Marco Aurélio se machucou após uma dividida com Robinho, do Santos. Tomou as dores do amigo e criticou o craque da Vila Belmiro. No segundo caso, nem o polêmico Romário, do Fluminense, escapou da ira do defensor. Serginho se disse humilhado pelo Baixinho, esperou o momento certo e, numa entrada desleal no adversário, foi expulso de campo. Na equipe do ABC desde 1999, viu e contribuiu decisivamente nas campanhas dos Nacionais de 2000 e 2001, quando a equipe chegou ao vice-campeonato. Em 2002, novo segundo lugar, agora na Libertadores. O único título, o do Campeonato Paulista deste ano, foi comemorado muito por todos, mas por um deles especialmente: ?É o momento mais feliz da minha vida?, afirmou Serginho, há seis meses, nos vestiários do Pacaembu, estádio que sediou as duas partidas finais entre São Caetano e Paulista.

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