PUBLICIDADE

Publicidade

Sob investigação da Fifa, eleição na CBF pode parar na Justiça

Comitê de Ética abre processo para apurar irregularidades

Foto do author Raphael Ramos
Por Raphael Ramos e Jamil Chade
Atualização:

A manobra do presidente licenciado da CBF, Marco Polo Del Nero, para tentar eleger o coronel Antônio Carlos Nunes vice-presidente da entidade na vaga de José Maria Marin provocou a rebelião de dirigentes do Nordeste – que já se articulam para ir à Justiça – e virou alvo de investigação no Comitê de Ética da Fifa.

Membros da Fifa indicaram ao Estado que estão “lidando” com o assunto e querem saber se a convocação de eleições nas atuais condições viola ou não o estatuto da CBF. Um dossiê sobre o caso foi montado e está sendo avaliado pela mais alta cúpula da Fifa. Uma das punições possíveis é a suspensão da CBF do futebol internacional caso fique provado que a eleição ocorreu de forma irregular.

José Maria Marin era um grande aliado de Del Nero na CBF 

PUBLICIDADE

O comitê tentará avaliar o caso antes de quarta-feira, dia da eleição na CBF, e pode optar até por banir Del Nero do futebol. Hoje, já está em curso um processo contra o cartola brasileiro por “sérias violações do código de Ética da Fifa”, de acordo com o órgão.

Del Nero pediu licença da CBF na semana passada, após ser acusado pelo FBI de corrupção. Hoje o presidente interino da entidade é o deputado federal Marcus Vicente (PP-ES), que só assumiu o cargo porque Del Nero pediu licença e, assim, indicou o vice que o substituiria. Em caso de renúncia, o estatuto determina que o vice mais velho assuma a presidência.

Na última sexta-feira, Vicente convocou as eleições para o cargo de vice e no mesmo dia foi lançada a candidatura do coronel Antônio Nunes, presidente da Federação Paraense de Futebol. O dirigente tem 77 anos e passaria a ser o vice mais velho da entidade. O plano é impedir que Delfim de Pádua, que tem 74, assuma o poder. Delfim é presidente da Federação Catarinense e opositor de Del Nero.

A manobra provocou irritação em um grupo de dirigentes antes ligados a Del Nero. Gustavo Feijó, vice-presidente da região Nordeste da CBF, cobrou na segunda-feira uma posição da diretoria da entidade sobre a situação do Marin. Sem resposta, no dia seguinte ele e mais sete presidentes de federações enviaram uma carta à CBF pedindo o cancelamento da eleição. Agora, ameaçam ir à Justiça para impedir que o coronel Nunes assuma o cargo.

No entendimento dos dirigentes, Marin está afastado por decisão da Fifa, mas sem condenação criminal transitada em julgado. Por isso, seu afastamento é temporário.

Publicidade

“Essa eleição é ilegal. Ela pode até acontecer, mas não tenho dúvida de que vai acabar na Justiça”, disse ao Estado o presidente da Federação Bahiana, Ednaldo Rodrigues, um dos líderes do movimento que pede o cancelamento da eleição.

Na quinta-feira, os presidentes de federações foram comunicados de que Marin enviou uma carta de renúncia à CBF no dia 27 de novembro. Para Rodrigues, o documento não é suficiente para dar garantias legais à eleição. “Essa carta deveria ter vindo a público antes da convocação da Assembleia Geral que vai eleger o novo vice-presidente. A eleição é ilegal porque foi convocada com o cargo ainda ocupado. De nada adianta dizerem somente agora que o Marin renunciou. O erro foi feito lá atrás”, disse Rodrigues.

Após mudança no estatuto, o colégio eleitoral da CBF passou a ser formado pelos presidentes das 27 federações e dos 40 clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro. A entidade está dividida atualmente.

“Sou de um grupo que vê as irregularidades e fala. Tem uma ala que até vê, mas prefere ficar calada, enquanto outros dirigentes infelizmente não enxergam nada”, diz Rodrigues.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.