PUBLICIDADE

Publicidade

Souza não quer mais sair do time

Por Agencia Estado
Atualização:

O novo titular do São Paulo é um sobrevivente no mundo do futebol. Williamis Souza tinha tudo para ser um desses milhares de jogadores que perambulam de clube em clube e que só sonham com a seleção brasileira em entrevistas. Na verdade, lutam apenas para fechar as contas no final do mês. E comemoram um bife na mesa como um gol. Não é força de expressão. Souza tem 26 anos e, até os 23, foi tudo o que caracteriza um jogador mambembe. Alagoano, começou no CSA, de Maceió, em 1999. ?Ali só teve uma fase boa em 2001, quando o time era dirigido pelo filho do Fernando Collor de Melo. Nós disputamos a Conmebol e chegamos na semifinal. Fomos eliminados pelo Talleres de Córdoba?, lembrou. Souza não se lembra do dia, mas não se esquece de algo marcante nessa partida. ?Eles fizeram um show antes do jogo e muita gente pulou de pára-quedas. Fiquei abobado, porque nunca tinha visto aquilo na vida.? A estréia de Souza como profissional teve lances cômicos. Coincidia com a final de um torneio de peladas, que jogava, sem conhecimento da diretoria do CSA, em troca do dinheiro que não existia nas categorias de base. Quando soube que seria escalado, não teve dúvida. Disse ao treinador Celso Teixeira que sua mãe estava passando mal e que precisaria deixar a concentração. Mentiu tão bem que precisou dos até então desconhecidos dotes artísticos da mãe para confirmar a história. No segundo semestre de 2001 foi para o Botafogo, do Rio, levado pelo empresário Eduardo Uram. ?Fiquei sete meses sem receber, passei fome, estava louco para sair e fui para o Libertad, do Paraguai?, contou. Chegou sem dinheiro, com a mulher e com muito frio. ?O primeiro treino foi às sete da manhã, com um frio de três graus. Treinei de camiseta e um calçãozinho apertado que me deram. Estava congelando e então o Struway, que tinha jogado na Portuguesa, me emprestou um agasalho dele. Nunca esqueci. Fui bem lá, marquei muitos gols e queriam que eu me naturalizasse para jogar na seleção. Não aceitei e fui para o Guarani de Campinas.? No Guarani, novo calote. ?Joguei o Rio-São Paulo de 2003 e nada de dinheiro. O time caiu. Voltei para o CSA, joguei cinco meses lá, não recebi e eles caíram. Parece vingança, mas não tenho nada com isso.? O São Paulo atrasou o prêmio da Libertadores e o time começou a jogar mal. Souza ri. ?Nem fala nisso, o São Paulo é time sério.? Em 2003, ele disputou o Paulistão pela Portuguesa Santista. Foi o destaque do time, que ficou em terceiro lugar. E veio para o São Paulo. Deixou de pertencer à maioria dos jogadores brasileiros. Chegou à elite. E quase saiu. ?Só estou aqui por causa do Juvenal Juvêncio. Tive oferta do Grêmio, da Ucrânia e de outros times, e ele não deixava eu ir. Dizia que eu era bom e ia ser titular.? Agora, Souza não quer mais deixar o time. ?Tenho um passe muito bom, mas ainda preciso atacar mais, finalizar melhor. Estou treinando para isso. Também estou aprendendo a marcar melhor. Sou fraco nessa parte, mas dá para continuar no time. Quero ser ídolo do São Paulo, igual aos outros?, avisou. Não se deve duvidar de quem sofreu tanto antes de ser titular. Ainda que seja com a camisa 21.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.